Banco Central mantém taxa de juros reais como a mais alta do mundo: 13,75%

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu, nesta quarta-feira (22/3), manter a taxa básica da economia (Selic) em 13,75% ao ano pela quinta reunião consecutiva, sem sinalizar corte nos juros, pois mantém a preocupação com a piora nas perspectivas para a inflação.

A decisão foi unânime.  No comunicado, o Copom reconheceu que o ambiente externo se deteriorou na comparação com a reunião anterior, ocorrida em fevereiro e não deixou de destacar as incertezas na questão fiscal devido à indefinição do novo arcabouço.

“Os episódios envolvendo bancos nos Estados Unidos e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista”, ressaltou.

O comunicado do colegiado ainda informou que, considerando a incerteza ao redor de seus cenários, “segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.

“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, destacou o texto da nota.

O Comitê ressaltou que a incerteza em torno das premissas e projeções atuais “é maior do que o usual”, e, com isso, ressaltou que os fatores de risco dos cenários para a inflação “permanecem em ambas as direções”.

Além de apontar os riscos de alta para o cenário de inflação, destacam-se: uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e  uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Entre os riscos de baixa, o colegiado elencou: uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local; uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; e uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

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