O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (10) que dado da inflação dos Estados Unidos veio “ruim” e que ocenário externo “não mudou substancialmente”, mas que ainda não dá para dizer se isso vai influenciar na decisão da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para maio.
Mesmo assim, o banqueiro central frisou que a meta de inflação não é definida pela autoridade monetária, que usa a taxa básica de juros para alcançar a meta do governo.
O presidente do BC apontou também que a visão sobre o cenário de corte da Selic no país não mudou por conta da comunicação do Copom, que na última reunião ocorrida este mês apontou o corte apenas para mais uma reunião e não duas.
Campos Neto ainda esclareceu que o cenário de juros dos Estados Unidos não tem uma relação mecânica com o do Brasil.
Segundo ele, no caso dos EUA, que precisou deixar a taxa básica de juros num patamar mais alto por mais tempo, vai gerar liquidez por mais tempo também, deixando um espaço menor para os países emergentes.
O banqueiro central pontuou que, mesmo assim, ainda não há relação mecânica com o que acontece no Brasil. Ele pontuou que o dado de inflação brasileiro veio “bom”, mas o americano “ruim”.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,4% em março, acima das expectativas dos analistas, segundo dados do Departamento do Trabalho americano divulgados nesta quarta-feira (10).
Já no Brasil, de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, desacelerou para 0,16% em março, com o número acumulado em 12 meses abaixo de 4% pela primeira vez desde julho do ano passado.
“Aqui dentro o dado foi bom, lá fora foi ruim, as circunstâncias externas, dado o grande padrão de liquidez mundial se baseia no que acontece na taxa de juros americana, mas hoje isso mudou. Mas, mecanicamente, não vai afetar aqui, porque tem outras variáveis que são importantes”, disse Campos Neto em entrevista à GloboNews.
“A gente teve hoje um dado melhor, uma parte externa mais sólida, a gente olha nossa balança que está muito melhor que no passado, a gente precisa ver como vai influenciar as variáveis aqui””. (Foto: Divulgação/ BC)