Uma grave denúncia está sendo formulada por algumas lideranças política que estão ocupando a sede da Secretaria de Educação do Estado do Pará, em Belém. Segundo notas publicadas na imprensa e em redes sociais, a coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins (DSEI GUATOC), Purupamare Lima Gavião, indicada pela FEPIPA, autorizou um voo oficial da Saúde Indígena para transportar indígenas escalados para reforçar o volume de participantes da reunião do governador Helder Barbalho com as comunidades de povos originários.
A aeronave teria partido de Oriximiná levando a Belém membros alinhados com o governo estadual.
“O avião, que deveria transportar profissionais da saúde indígena e pacientes, na realidade, foi escalado para levar plateia a farsa montada pelo governo Helder Barbalho”, diz trecho da nota, acusando a coordenadora Purupamare Lima Gavião, de organizar as viagens da aeronave para fins de manipulação.
Mas a realidade é outra: os passageiros embarcados em Oriximiná não eram pacientes nem trabalhadores da saúde!
“O governo e a FEPIPA usaram um voo oficial para levar indígenas alinhados à sua política, criando uma falsa plateia para dar volume ao seu teatro político”, registra a nota pública, acrescentando: “enquanto isso, indígenas da ocupação da SEDUC, que representam 28 povos, seguem excluídos das negociações”.
A publicação diz ainda que “a FEPIPA, que tenta negociar um acordo sem representatividade, tem influência direta sobre a gestão do DSEI, mostrando um aparelhamento político do governo para manipular a resistência”, diz.
Por fim, a publicação diz que aviões da Saúde Indígena devem servir aos povos originários, não ao governo e seus aliados! Isso configura desvio de finalidade e possível improbidade administrativa! A verdadeira luta segue forte na ocupação da SEDUC e nos bloqueios de rodovias! Quem está ao lado do povo não precisa de plateia fabricada com dinheiro público”, finaliza a nota.
Ocupação continua
Na manhã desta terça-feira, 4, os indígenas que ocupam o prédio da Seduc desde o dia 14 de janeiro, decidiram prosseguir com a interdição, sem ter havido até o presente momento qualquer tipo de acordo com o governo do Estado.
“A agenda do governador Helder Barbalho na tarde de segunda-feira, 3, foi com indígenas alinhados aos órgãos do próprio governo do Estado, alguns inclusive detentores de cargos comissionados. Eles não participam do movimento de ocupação e não têm legitimidade e nem autonomia para negociar a pauta do movimento indígena que ocupa a Seduc, uma vez que possuem estreitas relações com as autoridades que aprovaram a Lei 10.820, e atacam diretamente a educação pública, os povos indígenas e as comunidades tradicionais”, diz em nota a coordenação da ocupação da sede da Seduc.
Abaixo, vídeo mostra lideranças usando avião da Saúde Indígena, de Oriximiná a Belém
Leiam trechos da nota
“As lideranças que ocupam a Seduc estranham, também, a forma desigual e pouco isonômica com o que o governo do Estado trata os referidos movimentos, considerando que a reunião ocorrida na semana passada, articulada pelo Ministério dos Povos Indígenas, foi sob forte aparato militar, com indígenas sendo intimidados e até impedidos de fazer uso do celular na reunião.
Surpreendentemente, na reunião de hoje com indígenas alinhados ao governo do Estado, o governador Helder Barbalho não exigiu reunir apenas com uma comissão, não fez uma operação de guerra com fechamento do trânsito e aparato militar e nem proibiu filmagens e o uso de imagens, como se quisesse usar nossos povos de forma folclórica e como peça de propaganda governamental.
Os indígenas que ocupam a Seduc ressaltam que, a fim de repor a verdade dos fatos, a Defensoria Pública da União ingressou com uma ação civil pública, exigindo que o governo do Pará seja impedido de propagar informações falsas sobre as negociações com o movimento indígena.
Por fim, os indígenas reiteram o convite para que o governador Helder Barbalho compareça a ocupação da Seduc, que segue em defesa da revogação da Lei 10.820 e da exoneração do secretário Rossieli Soares”, finaliza a nota.