Agentes federais estão buscando entender a razão pela qual duas aeronaves se aproximaram de maneira perigosa em uma pista do Aeroporto LaGuardia, em Nova York, no começo deste mês, mesmo com o aeroporto contando com um sofisticado sistema de radar que visa prevenir esse tipo de situação.
A Administração Federal de Aviação (FAA) e o Conselho Nacional de Segurança no Transporte (NTSB) anunciaram na segunda-feira (19) que estão analisando o evento que aconteceu em 6 de maio, quando uma aeronave da Republic Airways precisou interromper sua decolagem devido a um avião da United Airlines que ainda estava se deslocando pela pista.
Em uma gravação da torre de controle acessada pela ABC no site www.LiveATC.net, o controlador de tráfego aéreo comentou com o piloto do avião da Republic Airways: “Desculpe, pensei que a United já houvesse liberado [a pista] muito antes disso.”
Enquanto o controlador concedia a permissão para o jato da Republic Airways decolar, um controlador de solo, em outra frequência de rádio, direcionava a aeronave da United a adotar um novo trajeto de táxi, já que ela havia perdido o caminho inicial que usaria para deixar a pista.
A United Airlines não deu uma resposta rápida às indagações sobre o ocorrido, enquanto a Republic Airways e o terminal aéreo direcionaram as questões para a FAA.
A quantidade de incidentes de quase colisões nos anos recentes suscitou sérias inquietações para a FAA, o NTSB e diversos especialistas em segurança. A análise do NTSB sobre um evento que aconteceu em fevereiro de 2023, em Austin, ressaltou essas preocupações, embora tenham ocorrido vários outros quase acidentes que chamaram a atenção.
Em uma das situações, um avião da Southwest Airlines que estava se aproximando para aterrissar em Chicago esteve perto de se chocar com um jato particular que cruzava a pista.
O aeroporto de LaGuardia é um dos 35 no país que conta com a mais avançada tecnologia da FAA para evitar esse tipo de invasão na pista.
O sistema ASDE-X emprega diversas tecnologias para auxiliar os controladores no monitoramento de aeronaves e veículos terrestres.
Nos 490 aeroportos restantes dos Estados Unidos que possuem torre de controle, os controladores de tráfego aéreo utilizam meios mais básicos, como binóculos, para monitorar o tráfego das aeronaves no solo, uma vez que os sistemas sofisticados são muito onerosos.
Modernizar sistema obsoleto
O Secretário de Transportes, Sean Duffy, tem a intenção de ampliar esses sistemas para um maior número de aeroportos, caso o Congresso aprove seu projeto de bilhões de dólares destinado a modernizar o sistema obsoleto de controle de tráfego aéreo do país.
Entretanto, é evidente que a tecnologia apresenta suas limitações, já que os incidentes ainda ocorrem. A FAA está implementando diversas ações extras com o objetivo de diminuir a frequência desses eventos e tem a intenção de instalar um sistema de alerta complementar no aeroporto de LaGuardia em um futuro próximo.
Entretanto, a frequência de invasões de pista por milhão de decolagens e aterrissagens tem permanecido em cerca de 30 nos últimos dez anos.
Em 2017 e 2018, essa taxa atingiu 35. No entanto, normalmente, existem menos de 20 incidentes considerados os mais sérios — aqueles em que uma colisão foi evitada por um triz ou onde havia um risco substancial de acidente, conforme dados da FAA. Esse total subiu para 22 em 2023, mas recuou para apenas 7 no ano seguinte.
Atualmente, estão em curso iniciativas para criar um sistema que informe os pilotos diretamente sobre a presença de tráfego na pista, ao invés de comunicar primeiro ao controlador e esperar que ele repasse a informação. Essa mudança poderia resultar em uma economia significativa de tempo. Contudo, a FAA ainda não deu a certificação necessária para um sistema que está sendo aprimorado há vários anos pela Honeywell International com esse propósito.
O mais trágico acidente da aviação aconteceu em 1977, na ilha de Tenerife, na Espanha. Um Boeing 747 da KLM começou a decolar enquanto um Boeing 747 da Pan Am ainda ocupava a pista; a colisão entre as aeronaves resultou na morte de 583 pessoas, devido à forte neblina que envolvia a área. (Foto: Reuters)