Áudio aponta que traficantes executaram, por engano, médicos no Rio

Investigação apura se ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida foi assassinado no lugar de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, condenado por chefiar milícia na Zona Oeste

Um áudio interceptado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro  (PC-RJ) é uma das evidências que indicam que traficantes de drogas podem ser os responsáveis pela execução de três médicos na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (5). As informações são do G1 e da TV Globo. Conforme essa linha de investigação, um dos três médicos mortos, Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos, teria sido confundido com Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, 26 anos, que faz parte de uma milícia envolvida em um conflito territorial com a facção criminosa Comando Vermelho.

Na gravação o homem diz: “Acho que é Posto 2”. O crime ocorreu em um quiosque da Barra da Tijuca, justamente no Posto 2 da orla. De acordo com as polícias Civil e Federal, Perseu tem peso, altura, cabelo e barba parecidos com Taillon, e pode ter sido confundido com ele quando estava com três amigos em um quiosque na orla do bairro frequentado pelo criminoso.

No outro lado da linha, segundo o G1, estaria o traficante Juan Breno Malta, braço-direito de Philip Motta, o Lesk, que era miliciano da Gardênia Azul e trocou de facção. O carro usado no crime também foi rastreado até a Cidade de Deus, controlada por criminosos rivais aos milicianos da Muzema e Rio das Pedras.

 

Taillon de Alcântara

Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa e ambos são apontados pelo Ministério Público do Rio como integrantes de uma quadrilha que atua em regiões da Zona Oeste da cidade. Em dezembro de 2020, ele teve a prisão preventiva decretada pelo crime de organização criminosa. Segundo reportagem do O Globo, Taillon Barbosa obteve livramento condicional em 25 de setembro deste ano. Segundo o processo, ele mora na Avenida Lúcio Costa, na mesma avenida onde os médicos foram assassinados. Seu apartamento fica a 750 metros do quiosque onde aconteceu o crime.

A decisão do livramento condicional, assinada pelo juiz Cariel Bezerra Patriota, determina que Taillon compareça ao juízo a cada três meses para comprovar suas atividades. Ele precisa voltar para casa às 23h e permanecer durante toda a noite. Também é sua obrigação “porta-se de acordo com os bons costumes”, não se ausentar do estado, não se mudar sem comunicação ao juízo. “Não frequentar lugares passíveis de reprovação social, tais como aqueles onde haja consumo excessivo de bebidas alcoólicas; onde haja venda de drogas ilícitas; casas de prostituição; prática de jogos proibidos e outros análogos”, finaliza a decisão.

De acordo com o MP, Taillon seria responsável pela exploração do transporte alternativo de vans e mototáxi e de serviços básicos como oferta de água, gás e TV a cabo, em Rio das Pedras, na Muzema e em outras comunidades nos arredores. O grupo também cobrava “taxas de segurança” de comerciantes e moradores, promovia a invasão e grilagem de terras e lucrava com a construção imobiliária clandestina. Taillon foi condenado, em junho de 2022, a oito anos e quatro meses de prisão por chefiar a quadrilha.

A decisão do livramento condicional, assinada pelo juiz Cariel Bezerra Patriota, determina que Taillon compareça ao juízo a cada três meses para comprovar suas atividades. Ele precisa voltar para casa às 23h e permanecer durante toda a noite. Também é sua obrigação “porta-se de acordo com os bons costumes”, não se ausentar do estado, não se mudar sem comunicação ao juízo.

 

Foto: Filho de miliciano, conhecido como Taillon (à esquerda), seria o alvo e teria sido confundido com o médico Perseu (à direita) — (Foto: Reprodução)

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