Atlas da Violência: Norte e Nordeste registram maior número de homicídios do país

De acordo com a pesquisa, Brasil teve 46.409 homicídios registrados em 2022, redução de 3,6% sobre o ano anterior, e uma queda de 24,9% em comparação a 10 anos atrás

 

 

O Norte e o Nordeste são as regiões onde houveram mais homicídios no país em 2022. É o que indica o Atlas da Violência 2024, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (18). O levantamento mostra que dos cinco Estados com maior ocorrência proporcional de assassinatos — isto é, por 100 mil habitantes —, três são do Norte e dois do Nordeste.

São eles, por ordem de maior taxa de homicídio, Bahia (45,1 por 100 mil habitantes), Amazonas (42,5), Amapá (40,5), Roraima (38,6) e Pernambuco (35,2). Se o rol for ampliado para os dez Estados com maior número de assassinatos em 2022, todos fazem parte dessas duas regiões — Alagoas (33,7), Rondônia (33), Pará (32,9), Sergipe (32,7) e Ceará (32,6).

O Atlas da Violência usa como base o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos do Ministério da Saúde. “Historicamente, os dados do sistema de Saúde são mais confiáveis para mensurar mortes violentas do que os dados de Segurança Pública”, explica Samira Bueno, coordenadora do levantamento e diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Os dois sistemas do Ministério da Saúde incluem informações sobre o registro de morte, diferentemente dos sistemas divulgados pelas polícias, cujos dados se baseiam em registros de ocorrência. Segundo o levantamento, o Brasil teve 46.409 homicídios registrados em 2022. O número representa uma redução de 3,6% no número de assassinatos ocorridos em comparação a 2021, que teve 22,5 homicídios por 100 mil habitantes.

Salvador, a capital da Bahia, lidera o ranking nacional com a maior taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes (66,4), seguida por Macapá (55,8), Manaus (55,7), Porto Velho (47,6) e Fortaleza (45,3). Outras capitais que completam a lista das 12 maiores taxas incluem Recife (44,7), Aracaju (41,8), Maceió (41,5), Teresina (40,4), Boa Vista (39,2), Natal (36,9) e Palmas (32,0). Porto Alegre é a capital fora do Norte e Nordeste com a maior taxa de homicídios estimados (29,9).

Entre outras capitais, o Rio de Janeiro registrou uma taxa de homicídios de 21,3 por 100 mil habitantes, Belo Horizonte 17,6, e São Paulo 15,4. Florianópolis apresentou a menor taxa entre as capitais, com 8,9 homicídios por 100 mil habitantes. Contudo, a cidade de São Paulo registrou apenas 344 dos 1.762 homicídios corretamente, destacando-se como a única capital com mais homicídios ocultos do que registrados.

O Atlas da Violência diferencia entre homicídios registrados e estimados. Os homicídios registrados são aqueles contabilizados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, enquanto os estimados incluem homicídios ocultos – assassinatos, agressões, suicídios e acidentes categorizados como causa indeterminada. Para determinar os homicídios estimados, pesquisadores utilizaram ferramentas de aprendizado de máquina que consideraram situações e características das vítimas.

As regiões Norte e Nordeste têm trajetórias semelhantes em relação às taxas de homicídios. A partir de 2014, houve um aumento significativo no número de mortes, alcançando um pico de quase 50 homicídios por 100 mil habitantes em 2017. De 2018 a 2022, houve uma redução, exceto no Nordeste, que experimentou um aumento entre 2019 e 2020. Em 2022, ambas as regiões registraram a mesma taxa de homicídios, 34,7 por 100 mil habitantes.

No Nordeste, a Bahia se destaca com a maior taxa de homicídios (46,8). Praticamente todos os municípios litorâneos do estado têm taxas superiores a 47 homicídios por 100 mil habitantes. Salvador e Feira de Santana foram as cidades com as maiores taxas de homicídios em municípios grandes (população acima de 500 mil), com 66,4 e 66,0 homicídios por 100 mil habitantes, respectivamente. Em municípios médios (população entre 100 mil e 500 mil), Santo Antônio de Jesus teve a maior taxa, com 94,1 homicídios por 100 mil habitantes.

No Norte, o Amazonas apresenta a maior taxa de homicídios estimados (43,5). A região é um foco de atuação de pelo menos dez organizações criminosas, principalmente nas áreas de fronteira. Facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho) expandiram sua atuação para a região nos últimos anos.

Entre outras capitais, o Rio de Janeiro registrou uma taxa de homicídios de 21,3 por 100 mil habitantes, Belo Horizonte 17,6, e São Paulo 15,4. Florianópolis apresentou a menor taxa entre as capitais, com 8,9 homicídios por 100 mil habitantes. Contudo, a cidade de São Paulo registrou apenas 344 dos 1.762 homicídios corretamente, destacando-se como a única capital com mais homicídios ocultos do que registrados.

(Foto: Reprodução/TV Gazeta)

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