Ataque do Irã a Israel pode elevar preço do petróleo e impactar preço da gasolina no Brasil

O petróleo subiu 1% na última sexta-feira e se aproximou de uma máxima em seis meses com a iminência de uma resposta do Irã ao ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco. No ano, o preço da commodity já subiu 17%, passando de US$ 77 para os atuais US$ 90, segundo dados da Bloomberg. O Irã é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com mais de 4,3 milhões de barris de óleo extraídos por dia.

Com o ataque de sábado, a previsão é que os valores dos barris subam na próxima semana. Segundo o economista e consultor André Perfeito, no curto prazo, o petróleo deve subir fortemente essa semana, com a valorização de commodities. Perfeito afirma que o conflito aumenta a defasagem dos combustíveis no Brasil em relação ao preço internacional e pressiona a Petrobras para realizar reajustes.

“É possível que o ataque tenha algum impacto nos preços, uma vez que não é só o barril que sobe, mas o dólar também”, diz Perfeito. O economista acrescenta que é necessário entender os próximos movimentos de Israel e do Irã para entender qual será o impacto real desse conflito na economia. O G7, o Conselho de Segurança da ONU e o Gabinete de Guerra de Israel realizam reuniões neste domingo para discutir o conflito.

Na mesma linha, Sérgio Araujo, presidente-executivo da Abicom, associação que reúne os importadores de combustíveis, avalia que existe uma forte tendência do aumento do preço do petróleo e dos derivados.

“A região [Oriente Médio] é muito crítica na produção e transporte de petróleo. Um conflito dessa natureza eleva muito o risco de movimentações de navios, por exemplo”, diz Araújo.

O presidente da Abicom afirma ainda que o Brasil está praticando preços abaixo do mercado internacional, e que a escalada do conflito deve pressionar a Petrobras para aumentar os seus preços.

“Hoje, os preços no mercado interno estão muito defasados em relação ao mercado internacional. Com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, a tendência é que a defasagem aumente e a Petrobras seja pressionada a aumentar os seus preços em um momento político muito delicado”, conclui.

Segundo dados da Abicom, na sexta-feira, os preços cobrados pela estatal pela gasolina estavam 19%, cerca de R$ 0,66 por litro, menores em relação ao praticado no exterior. No caso do óleo diesel, a diferença nos preços está em 10%, em R$ 0,41 por litro. A Petrobras ainda não realizou nenhum aumento nos combustíveis em 2024.

O professor de economia do Insper, Roberto Dumas, afirmou que o contexto de outros conflitos, como a guerra entre Rússia e Ucránia, o conflito Israel e Hamas na Faixa de Gaza, os ataques dos rebeldes Huthis no Mar Vermelho e a tensão na Venezuela em ano eleitoral, já são fatores de stress para os preços do petróleo. Esse novo conflito piora o cenário. (Foto: Reprodução)

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