Ataque de Bolsonaro a Caiado repercute entre aliados

Os recentes ataques de Jair Bolsonaro (PL) ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), repercutiram mal entre seus aliados e caciques do PL. Em ato na capital goiana, o ex-presidente atacou o então aliado e o chamou de “governador covarde”. Na avaliação de pessoas próximas a Bolsonaro, o ex-presidente trouxe de volta ao debate uma rusga entre eles que já havia sido superada e ignorou os acenos que Caiado vem fazendo, como o fato de ter ido ao ato na Avenida Paulista, em 7 de setembro. Além disso, aliados temem que a postura agressiva possa impactar na formação do palanque da direita em 2026.

Caiado já declarou que quer ser candidato ao Palácio do Planalto e busca o apoio de Bolsonaro, que segue inelegível. Segundo aliados, independentemente do governador ser ou não o candidato da direita, será necessário que os principais expoentes do segmento estejam juntos no mesmo palanque.

Por isso, não seria interessante que o cacique do União fosse alvo do ex-presidente, ou que os dois tivessem rusgas neste momento. Outro fator levantado por esses aliados, é que a rusga foi provocada por uma declaração dada durante um ato de campanha para o candidato à prefeito Fred Rodrigues (PL), apadrinhado do deputado federal Gustavo Gayer (PL) e que aparece com poucas chances de chegar ao segundo turno em Goiânia.

De acordo com essas fontes, as falas de Bolsonaro chamando Caiado de “covarde” não teriam sido planejadas, e o ex-presidente proferiu a ofensa contra o governador de maneira espontânea, sem calcular eventuais consequências. Procurado, Caiado não quis comentar as declarações de Bolsonaro.

De acordo com a colunista Bela Megale, Caiado se queixou a interlocutores sobre os ataques. Interlocutores do governador relataram que ele reclamou que o ex-presidente voltou ao tema das vacinas e da pandemia, e disse ainda que “Bolsonaro não tem jeito”.

 

‘Governador covarde’

Durante o comício, realizado em um bairro nobre de Goiânia, Bolsonaro não citou nominalmente Caiado, mas resgatou as críticas feitas durante a pandemia da Covid-19, em 2020. À época, Caiado chegou a romper com Bolsonaro devido às medidas para conter a disseminação do coronavírus, adotada por governadores estaduais logo no início da crise sanitária.

O ex-presidente usou o discurso comum durante seu governo, com críticas à vacina. Além de governador, Caiado é médico e se recusou a afrouxar medidas para o distanciamento social em 2020.

 

— Nós, na pandemia, fizemos o que tinha que ser feito. Fui contra governadores que falavam ‘fiquem em casa, a economia a gente vê depois’. Governador covarde! Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir do vírus — declarou Bolsonaro no comício, ao lado de Gayer, do candidato à prefeitura e seu vice.

Ainda em seu discurso, o ex-presidente afirmou que a única candidatura de direita na capital era a de Fred Rodrigues. Apesar de muita negociação na pré-campanha, o governador goiano optou por lançar um nome do União Brasil à prefeitura da capital, desagradando o PL de Bolsonaro, que queria lançar Gayer. O parlamentar havia se tornado empecilho para qualquer aliança nas eleições deste ano.

Caiado filiou o presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), o ex-deputado Sandro Mabel. O empresário ficou dez anos fora da política, mas divide o primeiro lugar nas pesquisas com a deputada petista Adriana Accorsi. Mabel também é da família fundadora da empresa de rosquinhas e biscoitos Mabel, vendida em 2011 para a PepsiCo, citada por Bolsonaro no ataque ao candidato:

 

— O candidato da bolachinha e da rosquinha, tem vídeo dele elogiando Dilma Rousseff, dizendo que ela foi uma boa gestora, em 2014, 2015, sem crise nenhuma no Brasil. Essa presidente conseguiu a proeza de desempregar 13 milhões de pessoas no Brasil. Essa presidente, que o (empresário) da rosquinha disse que foi uma boa presidente, conseguiu entregar a Petrobras para o Temer com uma dívida de 180 milhões de dólares — discursou. (Foto: G1)

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