Assim como Lula, Tebet questiona período de mandato no comando do BC

Ministra do Planejamento falou sobre o assunto em audiência no Senado

 

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu nesta terça-feira (2) uma revisão na legislação sobre o Banco Central. Ela argumentou ser “saudável” a autonomia do Banco Central, mas questionou o mandato de dois anos. A auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que acredita que um ano seria “mais do que suficiente” para se adequar e “passar o bastão” e evitar o “estresse”.

“Acho que seria saudável a autonomia do BC, mas questionei esses dois anos do presidente do BC de governos passados. Fiz esse questionamento aqui. Acho que um ano é mais do que suficiente, que é o tempo de se adequar e passar o bastão. Mas, repito, não é porque isso significa interferência do Executivo ou do Legislativo no Banco Central. Isso não é permitido porque a autonomia do BC está aí”, afirmou Tebet a jornalistas no Senado. “Mas, realmente, dois anos, eu acho que cria esse estresse, cria esse ruído”, acrescentou a titular da pasta.

O Banco Central, e principalmente Campos Neto, têm sido alvo de reiteradas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta terça-feira, Lula afirmou que o país vive um ataque especulativo e disse que o governo fará “alguma coisa” em relação à alta do dólar ante o real. Ele também voltou a criticar Campos Neto, que tem, segundo ele, tem “viés político”, ressaltando que o BC não pode estar a serviço do sistema financeiro.

Chefe da autarquia financeira, Campos Neto disse recentemente que aceitaria o cargo de ministro da Fazenda em um eventual governo comandado por Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo. Enquanto isso, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 10,5%, encerrando um longo ciclo de cortes moderados nos juros básicos.

 

Críticas

Lula voltou a fazer uma série de críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, devido à manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano, que interrompeu uma sequência de redução nos juros iniciada em agosto de 2023. O presidente já afirmou que é “absurdo” governar durante dois anos com um presidente do Banco Central indicado por um ex-presidente. Roberto Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Lula chamou de “adversário” em sua declaração.

“O Banco Central tem autonomia, o cidadão tem mandato. Veja que absurdo: eu ganhei as eleições pra Presidência da República e vou ficar dois anos com um presidente do Banco Central indicado pelo adversário, que pensa ideologicamente diferente de mim, que pensa economicamente diferente de mim”, declarou.

Nesta terça-feira, o presidente também afirmou que a alta do dólar preocupa e que a depreciação do real faz parte de um jogo “especulativo” e de “interesses”. Ontem, a moeda americana fechou em R$ 5,65, o maior patamar desde janeiro de 2022. Em nova crítica a Campos Neto, Lula afirmou que o comandante do BC tem “viés político”. “O que não dá é você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele tem um viés político. Mas, veja, eu não posso fazer nada. Ele é presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado, tenho que esperar acabar o mandato e indicar alguém”, disse Lula.

(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

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