Integrante do gabinete do vereador foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta segunda-feira. Em print apresentado pela Polícia Federal, colaborada do vereador pede à assessora da Abin informações sobre investigação envolvendo três filhos do ex-presidente Bolsonaro
Relatório da Polícia Federal (PF) divulgado nesta segunda-feira (29) revela que a corporação identificou uma conversa no WhatsApp em que Luciana Almeida, uma assessora do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), pede “uma ajuda” a assessora da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Priscilla Silva, com inquéritos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus 3 filhos – Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.
Carlos Bolsonaro e as duas assessoras, Luciana e Priscila, foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos nesta segunda-feira no âmbito de uma operação que investiga o funcionamento de uma “Abin paralela” durante a gestão do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
O print resgatado pelos agentes da PF faz parte do inquérito que apura o uso indevido da instituição para espionar opositores da gestão passada. Na mensagem, Luciana pede ajuda para obter informações sobre um inquérito que corria na superintendência da corporação, no Rio de Janeiro, em que se suspeitava que os alvos eram a família Bolsonaro.
A conversa: “Bom diaaaa. Tudo bem? Estou precisando muito de uma ajuda”. Na sequencia a assessora detalha: “Delegada PF. Dra. ISABELA MUNIZ FERREIRA – Delegacia da PF Inquéritos Especiais Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos). Escrivão: Henry Basílio Moura”
O diálogo consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a busca e apreensão nos endereços ligados ao vereador e às assessoras. O magistrado destacou que Carlos Bolsonaro fazia parte de um “núcleo político”, com o objetivo de desvirtuar a Abin. “Além da identificação das diversas condutas acima resumidas, a Polícia Federal, com o aprofundamento das medidas investigativas, aponta fato novo, relacionado à existência, na referida organização criminosa, do NÚCLEO POLÍTICO, também responsável pelo desvirtuamento da ABIN e da ferramenta First Mile”, diz trecho da decisão.
As investigações apontam que, em fevereiro de 2020, Ramagem imprimiu informações de inquéritos eleitorais da PF que tinham como alvo políticos do Rio de Janeiro. Moraes ressaltou que as provas colhidas pela polícia mostram que os suspeitos usaram a agência contra adversários e para “fiscalizar” indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos”.
A Polícia Federal apura a criação de uma suposta rede criminosa que se instalou na Abin para espionar críticos do governo Bolsonaro. De acordo com a PF, “os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei”.
(Foto: Agência Brasil)