O Ministério da Igualdade Racial anunciou a exoneração, nesta terça-feira (26), de Marcelle Decothé do cargo de assessora especial de Assuntos Estratégicos da pasta. No último domingo (24), Marcelle publicou em uma rede social ofensas contra torcedores do São Paulo Futebol Clube. São Paulo e Flamengo disputaram no último domingo (24) a final da Copa do Brasil no Morumbi. A partida terminou empatada em 1 a 1, e o tricolor paulista se sagrou campeão, porque havia vencido a partida da ida por 1 a 0 no Maracanã.
Em seu perfil no Instagram, Marcelle Decothé publicou um story (postagem temporária) com foto da torcida do São Paulo no estádio Morumbi.
A imagem foi acompanhada da seguinte legenda: “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade. Pior tudo de pauliste”.
Em nota divulgada nesta terça, o Ministério da Igualdade Racial informou ter “compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, a partir de princípios como a transparência e o cuidado”.
E comunicou a exoneração de Marcelle para “evitar que atitudes não alinhadas” com o propósito da pasta “interfiram” no cumprimento institucional do ministério.
Segundo a pasta, as manifestações de Marcelle “estão em evidente desacordo” com os objetivos e políticas do ministério.
“De acordo com esses princípios, e para evitar que atitudes não alinhadas a esse propósito interfiram no cumprimento de nossa missão institucional, informamos que Marcelle Decothé da Silva foi exonerada do cargo de Chefe da Assessoria Especial deste Ministério na data de hoje. As manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR”, diz a nota divulgada à imprensa.
A publicação da então assessora gerou indignação entre torcedores do São Paulo e o presidente do clube, Julio Casares. Em postagem no instagram, ele afirmou ter sido “surpreendido negativamente com um ultrajante post” da assessora do Ministério da Igualdade Racial.
“Algo que vai contra todas as nossas crenças. Em pouco mais de dois anos e meio de gestão, tivemos sempre uma preocupação com a igualdade. Nosso lema é, e sempre será, de que o São Paulo Futebol Clube é de todos, sem haver discriminação de raça, gênero, social ou de qualquer forma”, disse Casares.
Na publicação, o presidente do São Paulo também cita medidas de enfrentamento ao racismo tomadas pelo clube. Casares também contou que Anielle Franco entrou em contato com ele e pediu desculpas pelo ocorrido.
“Hoje pela manhã, a Ministra da Igualdade Racial no Brasil, Anielle Franco, em contato telefônico, pediu desculpas pelo ocorrido e explicou que medidas serão tomadas. Como presidente do São Paulo Futebol Clube, torcedor, e, principalmente como cidadão engajado nas causas sociais, seguirei na luta para que situações como essa não se repitam”, afirmou Casares nesta terça.
Entenda
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, viajou de Brasília a São Paulo em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo Anielle, em vídeo divulgado nas redes sociais, a ida ao estádio foi para assinar uma ação do governo federal para combater o racismo no esporte. Anielle, que é irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, acompanhou a final da Copa do Brasil. Ela é flamenguista.
“Esse é mais um passo no avanço do trabalho da justiça racial em todos os esportes, que estamos construindo desde fevereiro. Com racismo não tem jogo!”, disse a ministra em uma rede social.
Também estiveram presentes na ação o ministro Silvio Almeida, de Direitos Humanos e da Cidadania, e André Fufuca, do Esporte, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues. Durante o jogo, houve também divulgação do Disque 100 para violações de Direitos Humanos no telão do estádio.
Anielle participou de solenidade de assinatura de um protocolo de intenções para o combate ao racismo e promoção da igualdade racial no futebol. O protocolo foi assinado pelos ministérios da Igualdade Racial e do Esporte e pela CBF no Morumbi. (Foto: Redes Sociais/ Reprodução)