Assassinato de líderes do Hamas e Hezbollah pode dificultar cessar-fogo no Oriente Médio

Henrique Acker (correspondente internacional)  –  Acusado de  genocídio pela morte de cerca de 40 mil palestinos em Gaza — incluindo crianças, idosos e mulheres — o governo de Benjamin Netanyahu assumiu o assassinato de um dos líderes do Hezbolah, Muhsin Shukr, em Beirute, no Líbano. Israel também é suspeito do atentado que matou um dos prinicipais líderes do Hamas, Ismail Haniyeh, no Irã.

Ao alvejar lideranças importantes dos dois movimentos fundamentalistas islâmicos, o governo sionista coloca mais obstáculos nas negociações para um cessar-fogo na Palestina e na fronteira com o Líbano. Além disso, dificulta a libertação de prisioneiros israelenses em mãos do Hamas desde outubro do ano passado.

 

Negociações por um cessar-fogo podem ser interrompidas

“Haniyeh poderia ter sido morto há 15 anos, e eles não fizeram isso. Por que agora que há um acordo na mesa, eles escolheram matá-lo?” questionou Sharon Lifshitz, filha do refém israelense Oded Lifshitz.

Na prática, Israel admite a adoção de métodos terroristas ao lançar-mão de explosivos e bombardeios contra alvos específicos, causando a morte e ferimentos em pessoas inocentes atingidas nas imediações dos atentados.

No Líbano, apesar do Hezbollah negar qualquer responsabilidade pela morte de crianças da comunidade drusa, num ataque ao norte de Israel, um bairro de Beirute foi alvejado, causando a morte de um dos líderes do grupo, Muhsin Shukr. O bombardeio aéreo israelense deixou um rastro de quatro mortos, entre eles duas crianças, além de 74 feridos.

 

Reações distintas

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, condenou veementemente o assassinato de Ismail Haniyeh e considerou um ato covarde e um acontecimento perigoso. Ele era um dos negociadores de um acordo de cessar-fogo em Gaza.

Num discurso contraditório, a vice-Presidente dos EUA e candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, voltou a afirmar que Israel tem o direito de se defender de organizações terroristas, mas ressaltou a necessidade de um acordo de cessar-fogo no Oriente Médio.

O governo do Irã anunciou que vai investigar as circunstâncias da morte do dirigente do Hamas, que se encontrava no país para a posse do novo Presidente eleito. O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingança.

 

ONU denuncia torturas e maus-tratos a prisioneiros palestinos

Mais uma vez o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou torturas e outros maus-tratos por parte de Israel a prisioneiros palestinos desde 7 de outubro. Com base em testemunhos de detidos, a ONU relata as práticas de afogamento simulado, privação de sono, soltura de cães, entre outras.

“Os depoimentos reunidos pelo meu gabinete e outras entidades indicam uma série de atos terríveis, em flagrante violação do direito internacional dos direitos humanos e do direito internacional humanitário”, disse o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, em um comunicado.

“Os detidos disseram que foram mantidos em instalações semelhantes a gaiolas, despidos por períodos prolongados, usando apenas fraldas. Em seus depoimentos descreveram que ficaram vendados por tempo prolongado, sofreram privação de comida, sono e água, e foram submetidos a choques elétricos e queimados com cigarros”, aponta o relatório.

Alguns presos disseram  que suas mãos foram amarradas e eles foram suspensos no teto. Consta do documento que algumas mulheres e homens também falaram de violência sexual e de gênero. O serviço prisional de Israel mantinha mais de 9.400 “detentos de segurança” até o final de junho, alguns em segredo, sem a assistência de advogados ou respeito aos seus direitos legais.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

CNN Brasil

Jornal Haaretz (Israel)

Agência palestina de Notícias Wafa  e    AQUI 

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