Países sul-americanos acompanharam o governo americano nesta sexta-feira (2) e anunciaram que reconhecem Edmundo González como vencedor das eleições na Venezuela. Países acusam a Venezuela de fraude eleitoral
A Argentina, o Uruguai e o equador seguiram os Estados Unidos e reconheceram, nesta sexta-feira (2), Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela, desafiando a reeleição de Nicolás Maduro, apesar da confirmação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano.
“Todos podemos confirmar, sem qualquer dúvida, que o legítimo vencedor e presidente eleito é Edmundo González”, disse Diana Mondino, ministra de Relações Exteriores da Argentina, ao alinhar-se com a declaração do chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken.
A posição argentina foi justificada com base nos resultados divulgados pelo site “resultadosconvzla.com”, onde a oposição venezuelana apresentou as atas eleitorais oficiais. Pouco depois, o presidente argentino Javier Milei republicou a mensagem em sua conta na rede social X, antigo Twitter, reforçando a posição de seu governo.
Manuel Adorni, porta-voz presidencial argentino, também se pronunciou, afirmando que “efetivamente o ditador Maduro perdeu as eleições e nunca apareceram as famosas atas onde ele iria demonstrar que havia vencido”. Adorni destacou a longa trajetória de destruição do chavismo na Venezuela, que levou milhões de venezuelanos a deixarem o país e empobreceu a grande maioria da população.
O governo uruguaio, liderado por Luis Alberto Lacalle Pou, também reconheceu a vitória de González. O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Omar Paganini, escreveu nas redes sociais: “Em função da evidência contundente, fica claro para o Uruguai que Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela. Esperamos que a vontade do povo venezuelano seja respeitada”.
No fim do dia foi a vez do governo do Equador se unir a Argentina, Estados Unidos, Uruguai e Peru ao reconhecer Edmundo González como o vencedor das eleições presidenciais na Venezuela. O pronunciamento oficial foi feito pela presidência da República do Equador, de direita, e tal posição contrasta com os resultados oficiais.
Segundo o pronunciamento equatoriano: “após as denúncias públicas da grave crise democrática na Venezuela e a evidente manipulação de resultados do processo eleitoral nesse país, o Governo do Equador expressa seu reconhecimento a Edmundo González como o legítimo vencedor das eleições presidenciais na Venezuela.”
Brasil, Colômbia e México cogitam ir à Venezuela para dialogar com Maduro e González
A posição deste bloco sul-americano aumenta a pressão sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que até agora aguarda a divulgação das atas eleitorais prometidas por Maduro, mas ainda não apresentadas. Brasil, Colômbia e México divulgaram um comunicado conjunto na quinta-feira (1º) pedindo uma “verificação imparcial” dos resultados eleitorais na Venezuela.
Nesta sexta-feira (2), o CNE ratificou Maduro como presidente reeleito para um terceiro mandato de seis anos, com 51,95% dos votos (6.408.844), contra 43,18% (5.326.104) de Edmundo González Urrutia. Segundo o jornal O Globo, após conversas sobre a crise na Venezuela, na tarde desta sexta-feira, os chanceleres de Brasil (Mauro Vieira), Colômbia (Luis Gilberto Murillo) e México (Alicia Bárcena) cogitam ir a Caracas nos próximos dias para tentar negociar uma saída para a grave crise política do país.
Segundo interlocutores do governo brasileiro, os três países querem que as negociações para um acordo pacífico sejam feitas diretamente com Nicolás Maduro, presidente considerado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e Edmundo González, que diz ter vencido o pleito e estar respaldado por atas eleitorais recolhidas pela oposição. Para que o diálogo avance, a ideia é iniciar o diálogo sem a participação da principal líder da oposição, María Corina Machado.
(Foto: Federico PARRA/AFP)