O Aquário de São Paulo revelou a primeira ocorrência bem-sucedida de reprodução de ursos-polares na América Latina. O filhote, uma fêmea chamada Nur, nasceu no dia 17 de novembro. A instituição tem a intenção de iniciar o processo de adaptação ao espaço onde poderá ser observada pelo público. Neste momento, ela está com sua mãe em uma área interna que replica o habitat natural da espécie, e a transição para o novo espaço será feita de acordo com o ritmo dos animais.
Nur nasceu pesando 400 gramas e atualmente está com aproximadamente 6 quilos. A equipe ainda não realizou exames diretos, a fim de preservar a interação entre o filhote e sua mãe, Aurora, que pesa cerca de 220 quilos.
A preparação para o nascimento teve início assim que os integrantes do aquário notaram os primeiros indícios de gestação, todos observados por meio das atitudes da fêmea.
Aurora começou a se refugiar em sua toca com mais frequência, indicando uma necessidade aumentada de repouso e diminuindo a sua interação com Peregrino, o pai de Nur. Na espécie, os machos não se comunicam com as fêmeas fora da época de reprodução, e os machos adultos podem oferecer perigo aos filhotes.
Após o parto, a supervisão remota possibilitou uma intervenção célere, que foi desconsiderada uma vez que mãe e filho se ajustaram de forma ágil, trazendo alívio e satisfação à equipe. A certeza de que o recém-nascido era uma fêmea só foi obtida quando ela ficou deitada de frente para uma das câmeras.
“A mãe parece imensa em comparação à recém-nascida, e observar sua delicadeza ao manuseá-la, envolvendo-a, ajustando e aquecendo, revela sua preocupação: ‘não basta apenas alimentá-la, ela tem uma camada de pele muito fina, se eu não a aquecer, não conseguirá se alimentar adequadamente’. Todo esse zelo e dedicação em fornecer tudo o que a filhote necessita foi realmente impressionante”, comentou Laura Reisfeld, veterinária chefe do Aquário de São Paulo.
Aurora e o pai de Nur, Peregrino, são originários da Rússia e mudaram-se para o Brasil há aproximadamente 10 anos, participando de um intercâmbio entre o Aquário e o Zoológico de Kazan. Durante o processo de adaptação, receberam assistência de profissionais da instituição russa.
Por outro lado, o aquário de São Paulo arcou com os custos da tradução para o russo do livro “Polar Bears: The Natural History of a Threatened Species“, escrito pelo renomado pesquisador Ian Stirling (1941-2024), especialista em meio ambiente e mudanças climáticas do Canadá. Além disso, foram enviados 20 mil cópias para a Rússia, que abriga a maior população de ursos polares em estado selvagem.
“A oferta dessa literatura científica em língua russa marcou um progresso importante na compreensão da espécie no país, auxiliando na formação de novos pesquisadores e no desenvolvimento de melhores estratégias de conservação”, afirma a direção do aquário. (Foto: Aquário de São Paulo/Divulgação)