Após conversar com advogado de Bolsonaro, defesa de Cid recua da decisão de ‘dedurar’ o ex-presidente

O advogado Cezar Bittencourt, que defende o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, cedeu entrevista à Veja, publicada nesta quinta-feira (17). Mas, nesta sexta (18), negou informações a outros veículos

 

O advogado Cezar Bittencourt, que representa a defesa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, disse nesta sexta-feira (18) que seu cliente não vai “dedurar” o ex-presidente, como havia sido divulgado em entrevista à revista Veja na noite de quinta-feira (17). Após o advogado negar a notícia, a revista divulgou a íntegra dos áudios do defensor.

Durante entrevista a Globo News, na tarde desta sexta, Bittencourt disse que houve um equívoco. “Houve má-fé, em primeiro lugar, que o Cid vai dedurar o Bolsonaro,” afirmou o advogado em chamada no Estúdio i. Na quinta-feira, o advogado disse que Cid diria para a polícia que vendeu as joias da Presidência nos Estados Unidos a mando de Jair Bolsonaro, e que seu cliente entregou o dinheiro da venda para o ex-presidente. A informação foi divulgada pela revista Veja e confirmada pela TV Globo.

Já na tarde desta sexta, Bittencourt afirmou que a confissão se trata apenas do Rolex cravejado em diamantes, e não de outras joias sauditas contidas no conjunto recebido pelo ex-presidente Bolsonaro. “Eu não disse que tudo era a mando de Bolsonaro. Disse que ele era um assessor que cumpria ordens. Pelo que me lembro, a ordem foi: ‘resolve o problema desse relógio’. Ele como bom militar e assessor tentou por conta própria resolver”, disse o advogado.

O advogado ainda defendeu que Cid realizou a venda do presente valioso, mas recuperou o item. Como o valor recebido era muito alto, o militar teria feito um depósito na conta do pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid. “O pai do Cid não tem absolutamente nada a ver, essa responsabilidade não transfere”, emendou. Ele ainda destacou que o ex-braço-direito de Jair Bolsonaro (PL) não teria interesse em vender relógios ou joias, mas foi apenas “resolver o problema do rolex”. “Nem falei que foi a mando de Bolsonaro, coisa nenhuma. Ele (Bolsonaro) disse para resolver e Cid foi resolver”, completou.

Emissário

Pressionado pelas jornalistas Andréa Sadi e Natuza Neri durante a entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, o advogado Cezar Bittencourt, deixou escapar que conversou com Paulo Cunha Bueno, advogado de Jair Bolsonaro (PL) “por um minuto”. O contato, segundo Bittencourt, aconteceu horas depois que a revista Veja divulgou a entrevista. “Eu falei com ele na madrugada. Ele me ligou. E não tem nenhum problema, não sei qual é a diferença, é um grande advogado com grandes referências que me foram dadas por outro profissional. Qual é o problema? Não tenho censura não. Não tem problema nenhum. Não preciso esconder e nem revelar”, disse.

Questionado se recebeu algum tipo de ameaça depois da publicação, pela revista Veja, de reportagem em que ele afirma que Cid vai dizer que vendeu as joias da Presidência nos Estados Unidos a mando de Jair Bolsonaro, Bittencourt negou. Ao fim da entrevista, ele retomou o tema. “O advogado do outro lado é outro colega, simplesmente, não tenho nada contra a parte contrária e quero fazer a defesa do meu constituinte”, afirmou.

O ex-ajudante de ordens está preso desde 3 de maio, após uma operação da Polícia Federal, que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid no sistema do Ministério da Saúde. Após a negativa do advogado, a revista Veja publicou os áudios da entrevista, comprovando as informações divulgadas anteriormente, e informou que o encontro com Bittencourt ocorreu em seu escritório. O advogado disse que Cid sabe da responsabilidade e “vai arcar com alguma coisa”. “O criminalista detalhou que ‘alguma coisa’ era, na verdade, a confissão relativa à venda de joias e presentes luxuosos recebidos por Bolsonaro ao longo do mandato”, informou a Veja.

Nos áudios divulgados pela Veja, o advogado falou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está “extremamente duro” e previu encontrá-lo na próxima segunda-feira (21), o que foi reforçado em entrevista à TV Globo.

(Foto: Reprodução/ Metropóles)

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