Faltando nove meses para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, o prazo previsto no Acordo de Paris para o envio da terceira série de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) se encerrará na próxima segunda-feira (10). Dos 197 países signatários do tratado, apenas dez revisaram suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Neste ano, o Acordo de Paris, que é o mais significativo acordo global estabelecido por líderes para conter os efeitos adversos das mudanças climáticas e restringir o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius (ºC), completa uma década. Contudo, os países ainda não têm conseguido alcançar essa meta. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), será preciso cortar as emissões de gases de efeito estufa em 57% até 2035 para manter a temperatura nesse limite em relação aos níveis pré-industriais.
Em janeiro, durante a exposição das metas das Nações Unidas para 2025, António Guterres, o secretário-geral da ONU, ressaltou que as nações precisam direcionar esforços para desenvolver estratégias que visem um corte de 60% nas emissões de gases de efeito estufa até 2035, estabelecendo objetivos claros para a redução da produção e do consumo de combustíveis fósseis. Ele também enfatizou a importância de intensificar as iniciativas, “em estreita colaboração com o presidente Lula do Brasil, que é o anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30.”
Compromissos
Atualmente, o Brasil é responsável por 2,45% das emissões mundiais, conforme o relatório de 2024 do Banco de Dados de Emissões para Pesquisa Atmosférica Global (Edgar). O país foi o segundo a revisar sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), precedido apenas pelos Emirados Árabes Unidos.
Com sua nova meta, o país definiu uma diminuição das emissões variando entre 59% e 67% até 2035, em relação aos níveis de 2005. Essa redução resultará em uma emissão líquida anual de 850 milhões a 1,05 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), que é a unidade usada para quantificar as emissões de gases de efeito estufa com base em seu potencial de aquecimento global.
Os Emirados Árabes Unidos, que atualmente respondem por 0,51% das emissões mundiais, estabeleceram uma meta de redução menos ousada, visando uma redução de 47% até 2035, em relação a 2019. Isso resultaria em uma emissão anual de 103,5 milhões de toneladas de CO2e.
Maior emissor de gazes
Os Estados Unidos foram o terceiro país a submeter sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), o que ocorreu em 2024, antes da oficialização de sua retirada do Acordo de Paris. A proposta apresentada refletiu a posição do segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, responsável atualmente por 11,25% das emissões globais (Edgar). O objetivo é alcançar uma diminuição entre 61% e 66% até 2035, tendo como base os níveis de 2005.
O Uruguai, responsável por apenas 0,08% das emissões globais, concluiu as suas contribuições determinadas a nível nacional (NDCs) em 2024, comprometendo-se a restringir as emissões de gases de efeito estufa com base na medição dos níveis absolutos de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que juntos correspondem a 99,3% das emissões do país. Para 2035, o Uruguai fixou um teto de emissões de CO2 em 9,6 milhões de toneladas, de CH4 em 818 mil toneladas e de N2O em 32 mil toneladas, além de limitar em 30% o uso de hidrofluorcarbonetos, que são gases sintéticos encontrados em aerossóis e usados em sistemas de refrigeração, em comparação com os níveis de 2022.
A nação também destacou o progresso extra que pode ser obtido com a criação de condições que ultrapassam os recursos disponíveis no Uruguai, como o acesso a financiamentos internacionais. Nesse cenário, as metas condicionais poderiam aumentar as reduções de CO2 em até 960 mil toneladas, de CH4 em 61 mil toneladas a mais e de N2O em 2 mil toneladas adicionais; a restrição no uso de hidrofluorocarbonetos atingiria 35%. (Foto: Ralf Vetterle/Pixabay)