Henrique Acker (Correspondente Internacional) – Diante da vitória da direita e do avanço da extrema-direita nas eleições regionais e municipais deste domingo, 28 de maio, o socialista Felipe Sánchez decidiu convocar o conselho de ministros, dissolver o parlamento e antecipar as eleições gerais na Espanha para 23 de julho.
Esta mesma tática política foi usada em 2019 por Sánchez para conter o avanço da direita.
É evidente que o contexto político do país é completamente diferente.
A pandemia de Covid-19 e o desgaste provocado pela guerra da Ucrânia deram à oposição de direita fôlego para vencer em sete das 12 comunidades autônomas e em 29 das 50 principais capitais de províncias do país.
O PP alcançou 31,5% dos votos, enquanto o PSOE manteve-se na casa dos 28%, resultado semelhante ao que conquistou nas últimas eleições.
A extrema-direita dobrou sua votação, saindo de 3,5% em 2019 para 7,1% em 2023.
Assim, em cinco comunidades autônomas o PP só conseguirá maioria para governar se estiver em coligação com o Vox.
Já o Podemos, partido de esquerda com maior presença eleitoral, foi varrido de Madri e perdeu força em quase todas as demais regiões do país.
Outro partido derrotado nesssas eleições foi o Ciudadanos, agremiação de direita liberal.
À esquerda há uma disputa entre o Somar, plataforma de pequenas agremiações regionais liderada por Yolanda Díaz, atual Ministra do Trabalho, e o Podemos.
Diaz propõe que o Podemos participe de uma coligação eleitoral com este ajuntamento de esquerdas, mas o partido resiste.
Para o Brasil e a América Latina a eleição espanhola pode ter consequências diretas na pretensão de se chegar a um acordo de ampliação de relações econômicas entre o Mercosul e a União Europeia.
O projeto, que está congelado há décadas e foi debatido na recente visita de Lula à Espanha, poderá ser retomado, justamente agora, quando o Brasil assumirá a Presidência do Mercosul e a Espanha a Presidência da UE no segundo semestre deste ano.
Um triunfo eleitoral do PSOE, em julho, pode abrir caminho para o avanço das relações entre os dois blocos, já uma derrota deve dificultar o avanço do acordo. (Foto: Borja Puig de La Bellacasa / LA MONCLOA / AFP)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)