A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) publicou, nessa sexta-feira (1º), uma portaria com os critérios de aeronavegabilidade para a operação dos eVTOLs — o “carro voador” da Eve, empresa vinculada a Embraer, que deve ser fabricado em Taubaté (SP).
O documento publicado apresenta os critérios que a aeronave precisa cumprir quanto à sua estrutura, sistemas de controle, propulsão e bateria, por exemplo. A Anac apontou que tais informações são determinantes para assegurar a segurança do voo.
A publicação da portaria é considerada um passo importante para a liberação da operação dos carros voadores no País. De acordo com a Anac, a Eve deve determinar limites de peso e centros de gravidade que garantam operação segura da aeronave, além de desenvolver dados de desempenho necessários para altitudes e temperaturas mínimas e máximas.
A empresa também precisará determinar uma velocidade mínima segura da aeronave para cada condição de voo, além de apontar o desempenho de decolagem e informações sobre pouso. A Anac estabeleceu ainda que a aeronave deve ser controlável e manobrável, sem exigir habilidade de pilotagem excepcional.
Outros critérios solicitados para a aeronave são características de velocidade mínima segura e aviso; características de manuseio em solo; de vibração, turbulência e alta velocidade; além de características de voo para condições atmosféricas de gelo.
Principais critérios
– A aeronave deve estar livre de oscilações perigosas e instabilidades aeromecânicas para todas as configurações e condições de operação no solo e em voo;
– A aeronave deve estar livre de vibração, reversão de controle e divergência;
– Os dados do projeto devem definir adequadamente a configuração da peça, artigo ou conjunto, suas características de projeto e quaisquer materiais e processos usados;
– Portas, marquises e saídas devem ser protegidas contra abertura inadvertida durante o voo, a menos que seja demonstrado que não criam perigo quando abertas durante o voo;
– A aeronave deve fornecer proteção a todos os ocupantes, levando em consideração as prováveis condições de voo, solo e pouso de emergência;
– A aeronave deve ser capaz de voar e pousar continuamente com segurança após o impacto com um pássaro de 1 kg;
– Ter meios de saída que possam ser facilmente localizados e abertos de dentro e de fora. Os meios de abertura devem ser simples e óbvios e marcados dentro e fora da aeronave;
– A aeronave deve fornecer a cada ocupante ar com pressão respirável, livre de concentrações perigosas de gases, vapores e fumaça durante as operações normais e prováveis falhas;
– O projeto e a construção do motor e os materiais usados devem minimizar a probabilidade de ocorrência e propagação de fogo durante a operação normal e condições de falha, e devem minimizar o efeito de tal incêndio;
– A ingestão de chuva, gelo e granizo não deve resultar em operação anormal, como desligamento, perda de potência, operação irregular ou oscilações de potência em toda a faixa de operação do motor;
– Cada motor deve ser submetido a testes de calibração para estabelecer suas características de potência e as condições antes e depois das demonstrações de resistência e durabilidade especificadas.
A Embraer anunciou nesta semana que Eve Air Mobility conseguiu um novo financiamento para fabricar os carros voadores na unidade de Taubaté. Segundo o anúncio, o financiamento foi conquistado junto ao Citibank. O valor é de US$ 50 milhões, equivalente a cerca de R$ 290 milhões, e se junta aos outros R$ 500 milhões que a empresa já havia conseguido junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil (BNDES).
Com o novo aporte financeiro, a liquidez projetada pela empresa para o segundo trimestre deste ano é de US$ 480 milhões – o que equivale a cerca de R$ 2,8 bilhões. A Eve será a responsável pela fabricação dos eVTOLs – sigla em inglês para ‘veículo elétrico de pouso de decolagem vertical’.
Como funciona o carro voador
Os carros voadores se assemelham, na estrutura, aos helicópteros, mas são feitos para viagens de curta distância, dentro de uma mesma cidade ou para cidades próximas. Outra característica comum dos eVTOLs é o motor elétrico. Os helicópteros são abastecidos com querosene ou gasolina. Também há diferenças nas asas, que podem ser fixas no carro voador, e no tipo de hélice.
Por enquanto, não há um regulamento específico para os “eVTOLs”, já que o modelo é novo na aviação. Portanto, de acordo com a Anac, os critérios de aeronavegabilidade usados para o “carro voador” da Embraer terão como base os requisitos contidos no Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil (RBAC). De acordo com a Eve, os ‘carros voadores’ terão alcance máximo de 100 quilômetros e vão reduzir as viagens intraurbanas de uma hora para 15 minutos (atendem 99% dos trajetos interurbanos).
Esse é o principal objetivo da inovação, além de tornar os voos urbanos mais acessíveis à população. Em relação a um helicóptero, o carro voador terá menor custo operacional, de manutenção e menor emissão de ruído. Por se tratar de um veículo elétrico, terá também zero emissão de CO2. ( Foto: Divulgação/Eve Air Mobility)