Ameaça da China em superar EUA na conquista de medalhas de ouro faz imprensa falar em “doping”

Por Luiz Carlos Azenha  –   Apesar de a China ter saído na frente na contagem de medalhas de ouro em Paris, uma vantagem desfeita neste domingo, 4, quando empatava com os EUA em 19, a vitória de Noah Lyles nos 100 metros rasos garante a “vitória” dos estadunidenses nos Jogos Olímpicos de 2024, do ponto-de-vista comercial e do marketing esportivo.

Com as três medalhas de ouro conquistadas por Simone Biles na ginástica — mais duas a disputar na segunda-feira, 5, — e o franco favoritismo dos EUA no basquete masculino com LeBron James, apesar da ascensão chinesa estes Jogos já garantiram sucesso para a ameaçada equipe olímpica estadunidense.

 

DOMINGO DECISIVO

Em 2014, a rede NBC pagou o equivalente a quase R$ 50 bi pela exclusividade de transmitir os Jogos Olímpicos nos EUA até 2032.

Os direitos de TV representam 60% de toda renda do Comitê Olímpico Internacional (COI) e a NBC contribui com a maior fatia deles.

Não por acaso, o domingo que marca a metade dos Jogos tem as competições finais da natação e a prova simbólica do atletismo.

O COI desde sempre divide os Jogos assim para atender ao interesse do público estadunidense.

Neste domingo, o hino dos EUA foi executado quatro vezes em Paris. É o que marca o “sucesso” ou “fracasso” da cobertura de TV num dia que tradicionalmente é o de maior audiência.

Entre os pódios no golfe, na natação (com dois recordes mundiais) e nos 100 metros do atletismo, a NBC ofereceu um cardápio açucarado de patriotismo, contando histórias de superação.

 

INVEJA OLÍMPICA

Ainda assim, é bem provável que a China termine os Jogos Olímpicos de Paris com mais medalhas de ouro que os Estados Unidos.

Se repetir o desempenho de Tóquio, pode conquistar sete só no levantamento de peso.

O impressionante desempenho do nadador chinês Pan Zhanle nos 100 metros livres, outra prova clássica dos Jogos, levou a mídia dos EUA a requentar com intensidade acusações de doping contra o time chinês — os EUA tiveram um desempenho abaixo do esperado e só hoje ganharam a primeira medalha de ouro individual na natação.

“Testes frequentes de doping e suspeitas lançam uma sombra sobre a equipe de natação olímpica da China”, anunciou a NBC.

“Controvérsia sobre doping na China lança sombra sobre natação olímpica”, publicou a rede CNN.

“A controvérsia do doping na natação na China está causando impacto nas Olimpíadas de Paris – e em Washington”, anunciou o Los Angeles Times.

“Conquistas olímpicas da natação chinesa: mais medalhas, mais perguntas”, disse o New York Times.

As acusações são antigas: 23 nadadores chineses testaram positivo para trimetazidina no início de 2021, mas uma investigação encontrou traços da substância na alimentação de um hotel onde estavam hospedados e eles não foram punidos.

O Comitê Olímpico dos EUA protestou.

Os nadadores passaram por testes subsequentes, sem que nada fosse encontrado nos exames.

Neste domingo, Pan Zhanle comandou a equipe chinesa numa “virada” nos 4 x 100 medley.

Ele entrou na piscina com a equipe chinesa atrás dos Estados Unidos e da França e, ao superar os competidores, marcou o tempo mais rápido da história para os 100 metros nado de peito em um revezamento, 45.92, melhor até que o tempo que deu a ele o ouro na competição individual (46.40).

Com isso, a China acabou com o domínio dos Estados Unidos na prova, que durava desde 1960, conquistando o ouro contra a equipe de Caeleb Dressel. Reagindo, o tabloide New York Post publicou:

“Caeleb Dressel e o time de revezamento dos EUA derrotados por equipe chinesa com nadadores envolvidos em escândalo de doping”

Na imagem, o nadador chinês Pan Zhanle  e Simone  Biles ( Foto: Reprodução Instagram)

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