Mato Grosso (32%), Roraima (30%) e Amazonas (16%) são os estados com mais áreas desmatadas. Juntos, eles somam 152 km² de florestas derrubadas, 77% do total
A Amazônia atingiu, no primeiro bimestre de 2024, o menor índice de desmatamento dos últimos seis anos, desde 2018. Este foi o 11º mês consecutivo de redução na derrubada da floresta. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o Imazon, divulgados nesta segunda-feira (18).
No primeiro bimestre deste ano a devastação alcançou 196 km², 63% a menos do que nos meses de janeiro e fevereiro do ano passado, quando foram destruídos 523 km². Entre os nove estados da Amazônia Legal, somente o Maranhão e Roraima registram aumento nas taxas de desmatamento. No primeiro, a devastação passou de 2 km², em fevereiro de 2023, para 5 km² no mesmo mês deste ano, uma alta de 150%.
Já no segundo, no mesmo período, a destruição subiu de 19 km² para 26 km², 37% a mais. Em nota, o Instituto revela que em fevereiro houve o registro do 11º mês consecutivo de redução.
“Apesar da boa notícia, o primeiro bimestre de 2024 ainda apresentou um desmatamento acima do registrado no mesmo período entre os anos de 2008 (quando o instituto implantou seu monitoramento por imagens de satélite) a 2017, com exceção apenas de 2015. Em todos os outros anos, a derrubada permaneceu abaixo dos 150 km²”, diz um trecho da nota.
A pesquisadora do Imazon Larissa Amorim afirma que há um grande desafio pela frente, uma vez que a meta do governo é de desmatamento zero até 2030. “Para isso, uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, afirma Larissa.
Ranking
No bimestre, as áreas mais desmatadas estão em três estados: Mato Grosso (32%), Roraima (30%) e Amazonas (16%). Juntos, eles somam 152 km² de florestas derrubadas, 77% de toda a destruição detectada na Amazônia. No caso de Mato Grosso, o avanço do desmatamento está ocorrendo principalmente por causa da expansão agropecuária, com destaque para municípios como Feliz Natal, Nova Maringá, Juína, Juara, Marcelândia e Canarana, todos com presença nas listas dos 10 que mais destruíram a floresta em janeiro ou fevereiro. Os dois últimos, Marcelândia e Canarana, inclusive apareceram em ambos os meses nesses rankings.
Em Roraima, a derrubada tem avançado inclusive dentro de terras indígenas. Em janeiro, metade dos territórios dos povos originários entre os 10 com maior desmatamento ficavam no estado. Em fevereiro, quatro estavam em solo roraimense. Foram oito territórios diferentes nos rankings, sendo três deles com presença em ambos os meses: Yanomami, Manoá-Pium e Raposa Serra do Sol.
Já no caso do Amazonas, onde os municípios da região Sul têm sido os mais críticos, também chamou a atenção dos pesquisadores a expansão do desmatamento nos assentamentos. Em janeiro, apenas o PA Rio Juma integrou a lista dos 10 com a maior área derrubada, em quinto lugar. Em fevereiro, esse território assumiu a liderança do ranking e mais três amazonenses passaram a integrar a lista: PA Acari, PAE Lago do Acará e PAE Antimary, em segundo, terceiro e sexto lugares, respectivamente.
“Esses três estados apresentaram redução no desmatamento se compararmos este bimestre com o mesmo período do ano passado, com quedas de 74% em Mato Grosso, 59% no Amazonas e 3% em Roraima. Porém, para sair do topo do ranking, precisam intensificar suas ações de combate à derrubada nas áreas críticas e criar mais incentivos para a economia com a floresta em pé”, acrescenta Larissa.
(Foto: Arquivo/Polícia Federal)