Alexei Navalny, principal opositor de Putin, morreu na prisão, diz serviço penitenciário da Rússia

Kremlin alega não ter nenhuma informação sobre a causa da morte; o ex-advogado tornou-se famoso por expor suposta rede de corrupção do governo russo; em janeiro, ele relatou a tribunal de Moscou duras condições de sobrevivência em colônia penal no Ártico e reclamou do limite de 10 minutos para se alimentar

 

O advogado e ativista Alexei Navalny, principal opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin, morreu nesta sexta-feira (16), aos 47 anos, em um presídio do país. A informação foi confirmada pelo serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, onde cumpria pena de 19 anos. “Navalny sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência. A equipe médica chegou imediatamente e uma equipe de ambulância foi chamada. Foram realizadas medidas de reanimação que não produziram resultados positivos. Os paramédicos confirmaram a morte do condenado. As causas da morte estão sendo apuradas”, disse o comunicado oficial.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o Serviço Penitenciário Federal está verificando e estabelecendo” o que aconteceu com Navalny. “Não são necessárias ordens especiais [do Kremlin]”, afirmou em nota. Em 11 de janeiro, Navalny apareceu em imagens pela primeira vez desde que foi transferido para uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, em dezembro. Na época, a equipe do crítico do Kremlin ficara três semanas sem notícias dele, e pouco se sabia sobre o estado de saúde do detento. Há pouco mais de um mês, ele participou via videoconferência de uma audiência da Suprema Corte, que ocorria em Moscou e avaliava as queixas do opositor às condições de sua detenção na Sibéria.

A colônia penal para a qual foi transferido, apelidada de “Lobo Polar”, é um estabelecimento herdado do Gulag soviético. Ao tribunal, Navalny disse que era submetido a temperaturas “congelantes”, que chegavam a 32 graus negativos. “A cela de punição costuma ser um lugar muito frio”, afirmou ele. “Você sabe por que as pessoas escolhem um jornal lá [um dos itens que podem receber na cela]? Para se cobrirem. Porque com um jornal, posso dizer a vocês, juízes, é muito mais quente dormir, por exemplo, do que sem ele. E então você precisa de um jornal para não congelar.”

Navalny também se queixou do limite de tempo para fazer as refeições. “É impossível comer em 10 minutos”, relatou à Corte. “Se você comer todos os dias em 10 minutos, [fazer] esta refeição se tornará um processo bastante complexo.”

Apesar das queixas, Navalny parecia estar de bom humor. Ele chegou a brincar, durante a audiência, que ainda não havia recebido nenhuma correspondência de Natal por estar “muito longe”. A meses da eleição presidencial no país, Navalny foi levado para a colônia penal número 3, na localidade de Kharp, anunciou a porta-voz do ativista, Kira Yarmish, na rede social X (antigo Twitter), na última semana de dezembro. Na ocasião, Navalny disse estar “bem”. A viagem até sua nova prisão durou 20 dias e foi “bastante cansativa”, declarou ele na rede X. Até o início de dezembro, ele estava detido na colônia da região de Vladimir, a 250 quilômetros de Moscou.

(Foto: AP)

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