O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (26) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contará com total respaldo do governo para resolver os desafios fiscais do país e atingir as metas estabelecidas.
“Há bastante discussão em torno da questão fiscal, mas é importante ressaltar que daremos total apoio ao Haddad para que possamos realizar todas as ações necessárias, incluindo contingenciamentos e um esforço fiscal, a fim de evitar déficits”, declarou, durante a abertura do Fórum Nova Indústria Brasil, realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na sede da instituição, no centro do Rio de Janeiro.
O vice-presidente fez uma analogia entre a situação fiscal presente e a de 2020, o ano inicial da pandemia de covid-19. “No Brasil, o Produto Interno Bruto era de R$ 8,5 trilhões, não houve pagamento de dívidas e os gastos superaram em quase R$ 800 bilhões. O déficit primário foi de quase 10%. Qual foi a justificativa? A covid. A covid afetou o mundo todo. E o déficit primário do México? Foi de apenas 0,5%. Enquanto nós alcançamos 9,1%”.
No ano anterior, Alckmin analisou que, mesmo com a significativa estiagem que afetou o país e prejudicou a colheita, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil apresentou um incremento de 3,4%, enquanto o setor de transformação avançou 3,8%. “Esse setor foi responsável pelo crescimento do PIB. A indústria automotiva global teve um crescimento de 2%, enquanto no Brasil esse número alcançou 9,1%, cinco vezes acima da média mundial”, destacou.
O vice-presidente enfatiza que o BNDES tem desempenhado um papel fundamental ao lado da indústria e antecipa um ano mais favorável em 2025.
“Com a ajuda divina, teremos um ano excelente. A colheita será histórica. O dólar, que antes estava em R$ 6,20, caiu para R$ 5,70. Assim que a taxa de juros diminuir, a economia prosperará. Em tempos de papa, é apropriado recordar o papa Paulo VI, que na encíclica Populorum progressio [divulgada em 26 de março de 1967] afirmava que o progresso é o novo sinônimo de paz. Uma paz genuína que traz trabalho, renda e dignidade de vida para as pessoas”, finalizou.
Obsessão por custo
Alckmin argumentou que o Brasil necessita de uma indústria mais competitiva e, para isso, é fundamental atuar sobre os custos de produção. “Precisamos ser obcecados por custos se quisermos competitividade e progredir nos mercados”, afirmou, enfatizando a importância de uma indústria voltada para exportação.
“É fundamental expandirmos nossa presença no mercado. O Brasil representa apenas 2% do PIB global, o que significa que 98% do PIB está fora do país”, observou. “Nossa expectativa é que até o final do ano consigamos progredir e já tenhamos formalizado o acordo entre o Mercosul e a União Europeia“, acrescentou.
Exposição
Ele espera que, nesta semana, o Senado delibere sobre a proposta de lei do governo federal relacionada ao programa Acredita Exportação, que, segundo suas palavras, conta com o apoio da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e do ministro Fernando Haddad durante seu processo no legislativo.
“Estamos com uma expectativa positiva de que, nesta semana, o projeto seja aprovado no Senado Federal. Ele já obteve aprovação unânime na Câmara dos Deputados e foi proposto pelo presidente Lula, criando o programa Acredita Exportação. Esta iniciativa visa auxiliar as pequenas empresas a expandirem suas oportunidades no mercado internacional e aumentarem suas exportações. Um exemplo inspirador é a Itália, onde muitas pequenas empresas têm se destacado nas exportações.“.
“Até que a reforma tributária seja concluída, [o Acredita Exportação] irá apoiar as pequenas empresas restituindo 3% do montante, conhecido como crédito tributário. Quando a reforma for implementada, essa prática deixará de existir, uma vez que as empresas estarão completamente isentas em relação a investimentos e exportações”, elucidou. (Foto: Cadu Gomes/VPR)
