‘Agro importou para garantir arroz com Bolsonaro, por que não fizeram agora?’, pergunta Fávaro

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, acusa os produtores nacionais de arroz não colaborar com a oferta do grão diante da tragédia no Rio Grande do Sul.

Ele lembrou que os arrozeiros importaram o grão no governo passado para garantir o abastecimento no mercado doméstico, mas agora a estratégia mudou.

“Fizeram isso no governo passado e a pergunta que fica é por que não fizeram agora?”.

Após participar do FII Priority em painel que discutiu energias renováveis, o ministro foi questionado pelos jornalistas sobre a confusão gerada pela iniciativa do governo de importar arroz.

Fávaro lembrou que a última vez em que o governo precisou organizar uma importação de arroz foi em 1987. Desde então, argumentou, o próprio setor privado acabou recorrendo ao mercado externo em algumas ocasiões para equilibrar a oferta doméstica.

O ministro lembrou que isso aconteceu no governo Jair Bolsonaro, quando foram importadas 400 mil toneladas de arroz.

“Com um simples ato de tirar o imposto de importação, isso tornou esse produto mais competitivo para os privados”, disse, ao comentar a importação das 400 mil toneladas pelo setor privado no governo passado.

“O que fica muito claro é que há posicionamento ideológico por parte da indústria em não querer colaborar com o bom abastecimento de arroz para a população brasileira”, disse.

O ministro da Agricultura citou que, antes mesmo da tragédia no Rio Grande do Sul, foi registrada uma importação menor — de 70 mil toneladas do grão tailandês — com o pagamento do imposto de importação de 12% pela iniciativa privada.

“Se o governo facilitou essa importação tirando imposto, não seria mais fácil e mais equilibrado a própria indústria importar um pouco mais? Para acelerar o processo, manter o bom abastecimento e garantir a estabilidade? Fizeram isso no governo passado, e a pergunta que fica é por que não fizeram agora? Por que não querem colaborar ou querem se aproveitar da tragédia de brasileiros gaúchos para ganhar um lucro exorbitante?”, questionou.

Leilão renovado

O ministro da Agricultura reafirmou o desejo do governo de realizar uma nova operação para a importação do grão após o cancelamento da operação.

“A atitude mais sensata e mais equilibrada foi cancelar o leilão e preparar medidas para que a gente possa garantir um novo com total tranquilidade”, disse, ao lembrar que a nova disputa será organizada por vários órgãos do governo.

Sobre a possibilidade de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a compra de arroz, o ministro — que é senador eleito — disse que é “um direito” dos parlamentares.

“A CPI é um processo natural do Congresso Nacional. É prerrogativa da minoria e não há o que temer”, disse.

O ministro destacou, porém, que “não houve nenhum real de dinheiro gasto, não houve nem sequer a formalização de um contrato”.

“Não temos compromisso com o erro, mas os parlamentares têm total direito de saber e questionar”, disse. (Foto: Ministério Agricultura)

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