Advogado que pediu suspeição de Appio é suplente de Moro envolvido em polêmicas

A cada novo amanhecer, a vida e as companhias do senador Sérgio Moro  revelam seu lado carregado de encrencas.

Seu suplente no Senado já foi acusado de receber R$ 60 mil sem prestar serviço e declarou bens que ultrapassam R$ 7 milhões.

Trata-se do advogado Luis Felipe Cunha, que assinou o pedido de afastamento do juiz Eduardo Appio da Operação Lava Jato e que tenta impedir as denúncias de Tacla Duran na alçada do Supremo Tribunal Federal (STF),  antigo aliado de Moro e já esteve envolvido em diversas polêmicas.

Opinião em Pauta reescreve alguns trechos de matérias produzidas por órgãos de imprensa do país, nas últimas horas, mostrando quem é o advogado e a profundidade dos laços que amizadeque une ele a Sérgio Moro.

Nesta semana,  o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) protocolou na Vara Federal de Curitiba um curioso pedido para que o novo juiz, Eduardo Appio, considere-se suspeito e se afaste dos processos da Lava Jato.

Caso isso não fosse possível, ele pediu que as denúncias do advogado Tacla Duran não chegassem ao Supremo, mas se mantivessem na primeira instância.

A peça com estes pedidos a Moro foi produzida pelo escritório Vosgerau & Cunha Advogados Associados e assinada pelo advogado Luis Felipe Cunha, quem atua nas defesas judiciais de Sergio Moro.

Mas além de advogado do agora senador, Luis Felipe Cunha é também o suplente de Sergio Moro no Senado.

O seu nome tampouco é desconhecido do noticiário.

Braço direito de Moro, Luis Felipe Cunha é suplente, coordenador de articulação e estratégia políticas e comanda o escritório de representação parlamentar do senador.

Acompanha o ex-juiz de Brasília ao Paraná, onde Sergio Moro está presente.

 

Declaração de bens milionária

Logo no início da campanha eleitoral, Felipe Cunha teve seu nome apontado em investigação sobre a campanha eleitoral de Moro, acusada de irregularidades nos materiais de campanha. Com a investigação, em setembro do ano passado, a casa do ex-juiz foi alvo de busca e apreensão para a coleta desses materiais.

Uma das alegações apontadas pela coligação do PT que pediu a apuração foi de que os nomes dos suplentes de Sergio Moro apareciam em letra muito pequena, quase incompreensível a olho nu. Jornais como Estadão e Uol foram atrás das informações dos suplentes, um deles Luis Felipe Cunha, e revelaram que o advogado tinha feito uma declaração milionária de bens à Receita Federal – R$ 7.184.147,26, que incluia R$ 200 mil em dinheiro vivo.

Não há ilegalidades na prestação de contas de Luis Felipe Cunha na Justiça Eleitoral. Mas chama a atenção que os bens do suplente ultrapassavam 6 vezes os bens do próprio candidato Sergio Moro, hoje senador.

 

R$ 60 mil sem prestar serviço

Também durante a campanha, o primeiro partido de Sergio Moro para se candidatar às eleições em 2022, o Podemos, acusou o ex-juiz de ter beneficiado o seu amigo e advogado Luis Felipe Cunha, que recebeu R$ 60 mil, por meio da sua consultoria, Bella Ciao, para elaborar o programa de governo de Moro à Presidência pelo Podemos.

Mas, segundo o partido, o programa não foi feito, ou seja, o serviço não foi prestado. Ainda, o Podemos acusou Sergio Moro de tentar recursos do Fundo Partidário para pagar itens e “hábitos de luxo” do então candidato, incluindo vestuários e óculos de grife, durante a campanha, e outros supostos serviços do advogado na consultoria.

“Em nome de Moro, Luis Felipe Cunha fazia questão de mostrar as notas de alto valor ao Podemos, para pressionar por mais pagamentos. Ele chegou a preparar mais um contrato também no valor de R$ 30 mil, justificando ‘ser caro a manutenção do estilo de vida de Sergio.”

“A despeito de todo e qualquer pedido, o Podemos jamais aceitou pagar qualquer despesa pessoal do senhor Sérgio Moro. Além disso, não admite a manutenção de contratos que não tenham comprovação de execução. A não entrega de relatórios de prestação de serviços foi a razão da suspensão de pagamentos à consultoria do Bella Ciao, cujo sócio é Luis Felipe Cunha, indicado pelo senhor Sérgio Moro como seu assessor direto”, acusou o antigo partido de Moro em nota divulgada pelo Estadão.

Por fim, durante a corrida eleitoral, Sergio Moro tentou fechar um segundo contrato em benefício de Cunha, desta vez diretamente com o mesmo escritório de advocacia que hoje assina o pedido de suspeição do juiz Eduardo Appio da Lava Jato, o Vosgerau e Cunha Advogados Associados. De acordo com o partido, o contrato não foi aceito “por inexistir objeto para o serviço”.

 

Contratos da Petrobras

Os contratos milionários do advogado não teriam se restringido à esfera eleitoral, desde que Moro começou a concorrer a um cargo político.

O escritório de Cunha recebeu R$ 7,2 milhões em quatro contratos com a Petrobras, quando Sergio Moro era o juiz da Lava Jato e autor das condenações que colocaram em risco a sustentabilidade financeira da estatal.

Reportagem da Veja revelou os acordos da empresa de Cunha com a Petrobras, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, para tratar de temas de contencioso trabalhista.

À época, o advogado negou relação entre os serviços prestados pelo escritório Vosgerau & Cunha, da área trabalhista, com os processos da Lava Jato, e indicou não haver conflitos de interesse ou ilegalidades nos contratos.

Contratado por gabinete de Moro

Mais recentemente, o advogado voltou ao noticiário por deter sociedade com advogados do escritório Gomes Coelho & Bordin, que esteve no radar de denúncia do jornal Metrópoles, apontado de receber R$ 6,2 mil para instalar o gabinete de Moro em Curitiba, no início deste mês.

Para o jornal, a equipe de Moro respondeu que seu suplente, Luis Felipe Cunha, “não possui qualquer interesse ou benefício relacionado ao imóvel locado pelo gabinete em Curitiba”, uma vez que ele não é sócio direto do escritório de advocacia contratado. (Foto Extraída de Rede Social)

Relacionados

plugins premium WordPress