‘Abin Paralela’: PF faz operação contra ex-servidores e influenciadores do ‘gabinete do ódio’

Operação Última Milha cumpre cinco mandados de prisões preventivas e sete de busca. Investigação apura espionagem de autoridades por meio do programa israelense FirstMile

 

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (11) a quarta fase da Operação Última Milha. O objetivo é desarticular organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades públicas, além de produzir notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

De acordo com a corporação, policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo.

Entre os alvos da ação, estão ex-servidores cedidos para Abin e influenciadores digitais que trabalhavam no chamado “gabinete do ódio” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Quatro prisões já foram efetuadas: Giancarlo Gomes Rodrigues; ⁠Matheus Sposito, que foi assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão passada; ⁠Marcelo de Araújo Bormevet; e Richards Dyer Pozzer.

Segundo a PF, membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de fake news. A organização também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz. Os investigados, segundo a corporação, podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do estado democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

 

Alvos

Um dos alvos da 4ª fase da Operação Última Milha, deflagrada nesta quinta-feira, é o agente da Polícia Federal Marcelo Araújo Bormevet. Integrante da PF desde 2005, Bormevet fazia parte da equipe que fazia a segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2018. No trabalho, ele ganhou a confiança do ex-mandatário e do delegado da PF Alexandre Ramagem, que o alçou como chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Durante o governo Lula, Bormevet exercia o cargo de assessor na Subchefia Adjunta de Infraestrutura da Casa Civil – cargo do qual foi afastado em janeiro por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Também foi preso Matheus Sposito, que foi assessor da Secom no governo Bolsonaro e chegou a ser investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid por supostamente integrar um ‘gabinete paralelo’ que defendia a utilização de medicamentos sem eficácia comprovada.

 

Sob investigação

A Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio dos aparelhos celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo de Bolsonaro.

De acordo com a PF, além de policiais federais e servidores da Abin, o então diretor da pasta à época, Alexandre Ramagem, e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro são investigados por suposta participação na chamada “Abin paralela”. Eles foram alvos de mandados de busca e apreensão. Ambos negam o crime.

Em nota no início do ano, a Abin informou que “é a maior interessada” na apuração dos fatos. “Há 10 meses a atual gestão da Abin vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, afirmou a agência.

(Foto: Reprodução/Imagem de arquivo)

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