A vida no fim da Transamazônica

Imagine um município no coração da Amazônia, aonde a energia ainda vem de geradores a diesel, o comércio e a indústria dependente do funcionamento dessas máquinas, e as escolas rurais distantes não recebem merenda escolar suficiente por falta de capacidade de estocagem, devido à ausência de eletricidade. O único hospital da cidade atende apenas uma parte da população por falta de mão de obra, e a transferência de um paciente grave por UTI aérea custa R$ 94 mil.

Estamos falando de Jacareacanga, no oeste do Pará, um município escondido no coração da Amazônia paraense, a cerca de 1.291 km da capital do estado, Belém, que sediará a COP-30. O principal acesso à cidade é a rodovia Transamazônica, projetada pelos militares com a promessa de gerar desenvolvimento. No entanto, o progresso prometido nunca parou antes de chegar .

Rogério Araújo, chefe de gabinete do senador Beto Faro, recebeu em Brasília um grupo liderado pela ex-vereadora Edileuza Vasconcelos e pelo vice-prefeito Valmar Kabá Munduruku, além de assessores. Eles vieram de Jacareacanga no domingo, percorreram 3.257 km para estar nesta terça-feira em Brasília. Os relatos, sensibilizaram a equipe do senador Beto Faro (PT-PA) que durante quase duas horas ouviu o pleito do grupo e informou os encaminhamentos a serem tomados.

 

 

Êxodo

A polêmica em torno do tamanho da população de Jacareacanga se intensificou após o último censo do IBGE, que registrou uma queda populacional de 41 mil para 24 mil habitantes. Lideranças locais contestam esses números e pedem uma recontagem, afirmando que o município, que já sofre com receitas escassas, foi prejudicado.

 

Patrulha Mecanizada

Outro pedido do grupo foi o destino de uma patrulha mecanizada. Segundo Edileuza, é um desafio garantir o acesso às 176 aldeias onde vivem cerca de 15 mil indígenas. Durante a seca severa, foram necessários 400 mil litros de combustível para chegar até essas famílias. A solicitação é que o senador Beto Faro destine uma emenda parlamentar para suprir.

 

Energia

Um dos grandes paradoxos da região é a falta de energia elétrica. Jacareacanga luta para se iluminar, apesar da proximidade com duas hidrelétricas que produzem energia em grande escala. No entanto, grande parte da população vive sem luz. A energia que poderia transformar o cotidiano e contribuir para o desenvolvimento local é exportada, deixando os moradores no escuro. Eles dependiam de diesel e lamparinas, vivendo em uma era passada.

 

 

Resistência Ancestral

As mulheres Munduruku de Jacareacanga mantêm viva a arte ancestral. Produzem peças que carregam histórias, símbolos, a fé e as crenças de seu povo. Hoje, fabricamos cestos para carregar crianças, além de colares e adereços indígenas feitos de sementes e plumas. Para a COP-30, elas pedem apoio para aprimorar essa arte, transmitida de geração em geração.

 

Educação

O grupo também reivindica melhorias na educação de Jacareacanga, onde grande parte dos estudantes é indígena. Além das distâncias que dificultam o acesso às escolas, o vice-prefeito Munduruku destacou a importância de preservar os saberes tradicionais: “A educação deve reconhecer esses conhecimentos não apenas como parte da história, mas como elementos vivos e sonoros”, afirmou.

(Fotos: Assessoria de comunicação/Gabinete senador Beto Faro)

Relacionados

plugins premium WordPress