A verdade sobre o Dia da Mentira

(*)  Rodrigo Vargas   –    Todo 1º de abril, o mundo se transforma em um grande palco de pegadinhas, desconfianças e promessas mirabolantes. É o único dia do ano em que as fake news são socialmente aceitas e até incentivadas. Mas, sejamos honestos: será que precisamos mesmo de um dia especial para contar mentiras? Afinal, as redes sociais estão lotadas de fotos mentirosas diariamente!

Quem nunca caiu em uma pegadinha de 1º de abril? Aquela clássica do “seu cadarço está desamarrado” ou o desesperador “sua mochila está aberta”. E, claro, sempre tem alguém que exagera e solta um “vou me casar!”, só para testar o coração dos amigos e da família. O problema é quando o casamento é real, e ninguém acredita.

Eu mesmo já aprontei muito isso quando criança. Lembro-me de um dia que coloquei meu pai no meio de minha pegadinha. Fui até um vizinho e “menti” que meu pai havia convidado para um jogo de futebol. O rapaz foi até nossa casa todo animado, mas era “Dia da Mentira”. Resultado: castigo de alguns dias para não mentir aos mais velhos.

Os veículos de comunicação também adoram entrar na brincadeira. Matérias bizarras pipocam por aí: cientistas descobrem que chocolate emagrece, governo anuncia imposto sobre o ar respirado, ou ainda que a dieta do churrasco finalmente foi aprovada pela OMS. A questão é que, em tempos de internet, tem gente que acredita mesmo depois de 2 de abril!

Mas talvez a grande ironia do Dia da Mentira seja o fato de que, neste dia, ficamos muito mais atentos ao que ouvimos ou recebemos nas redes sociais. Desconfiamos das promessas, questionamos os absurdos e verificamos as informações antes de repassá-las. Ou seja, o 1º de abril poderia muito bem ser rebatizado de “Dia da Checagem dos Fatos”, o que seria um ótimo feriado oficial.

No final das contas, o Dia da Mentira é um lembrete bem-humorado de que a verdade tem um valor enorme. Afinal, depois de tantas pegadinhas, no dia seguinte todos nós voltamos à dura realidade: contas para pagar, dieta para seguir (ou fingir que segue) e redes sociais de influencer… bem, essas continuam as mesmas, sem precisar de data especial para suas postagens inacreditáveis.

Feliz 1º de abril! Ou será que não?

 

 

(*)  Rodrigo Vargas é jornalista

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