A promiscuidade da Lava Jato em Curitiba tem mais um escândalo revelado

Por tudo que tem disparado na mídia nos últimos dias, Tony Garcia vem merecendo a alcunha de delator de estimação de Sergio Moro, junto com Alberto Youssef.

Às voltas com a possibilidade de ver seu acordo de delação premiada rompido pela juíza Gabriela Hardt, Tony Garcia decidiu colocar a boca no trombone e desfilar, em vários meios de comunicação, uma série de acusações graves contra Moro e os procuradores de Curitiba.

Na entrevista concedida nesta quarta-feira, 7,  à TV247 , o empresário Tony Garcia narrou um episódio curioso quando perguntado sobre alinhamento histórico do Tribunal Regional Federal com Sergio Moro.

O empresário relatou um caso pessoal onde Moro teria antecipado o placar de votação entre os desembargadores do TRF, demonstrando que havia combinação nos bastidores para atender aos interesses de Moro e dos procuradores de Curitiba.

Usado como “agente infiltrado” por Moro para atrair novos delatores ou caçar desafetos, Tony Garcia contou que o procurador Januário Paludo e o ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima prometeram que ele estaria livre das garras de Moro tão logo acertasse um acordo de delação.

 

Marcado na imprensa

Quando o termo de cooperação finalmente foi assinado, a defesa de Tony Garcia pediu em audiência com Moro o alvará de soltura. Só que Moro não quis cumprir o combinado. Alegou que não queria ficar marcado na imprensa por soltar um cara com “fama de rico” e que deixaria a responsabilidade para o TRF.

“Vamos colocar ele [Tony Garcia] num lugar especial, ele pode ter visitas, isso e aquilo, mas só vamos soltar ele no dia 2 de fevereiro. O TRF vai soltar, um [desembargador] a favor, outro contra, e outro desempata”, teria dito Moro, segundo o relato de Tony Garcia na entrevista.

Além de supostamente combinar trâmites em tribunal superior, Moro também teria acertado com os procuradores de Curitiba, e com a defesa de Tony Garcia, como deveria ser a reação de todas as partes na imprensa, após a soltura do delator.

“A gente combinou que, quando eu saísse, eu deveria meter a boca neles e eles em mim. Eu xingando o Moro, e o Moro e o Carlos Fernando falando mal de mim. Disseram: ‘não vai falar bem da gente, hein, que põe tudo a perder’. Até isso a gente combinou.”

 

Chantageados por Moro

Na versão de Tony Garcia, o TRF provavelmente se alinhou à Lava Jato não apenas por convicção, mas porque alguns desembargadores, no passado, terem sido supostamente chantageados por Moro, que teria tido acesso às gravações de uma “festa da cueca”, promovida pelo advogado Roberto Bertholdo em meados de 2003 ou 2004.

Tony Garcia, aliás, tem alegado que foi preso por Moro justamente para ajudar o ex-juiz a colocar as mãos nas fitas da festa das cuecas e outras provas que levaram à prisão de Roberto Bertholdo, um desafeto de Moro.

Ele diz que tem provas das acusações que faz contra Moro e os procuradores de Curitiba, mas que serão apresentadas em juízo, no momento adequado.

Na última terça (6), o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu as ações contra Tony Garcia no TRF-4 e na 13ª Vara.

Na foto montagem, Garcia e Moro (Reprodução)

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