A morte de Pelé: da pobreza à glória

O jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues costumava dizer que “Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: ‘Como vai, colega?'”.

 

Edson Arantes do Nascimento, o homem, morreu aos 82 anos, na tarde desta quinta-feira (29/12), em São Paulo.

Ele estava internado no hospital Albert Einstein havia um mês para tratamento de um câncer no cólon. O funeral será na cidade de Santos (SP).

“O Hospital Israelita Albert Einstein confirma com pesar o falecimento de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, no dia de hoje, 29 de dezembro de 2022, às 15h27, em decorrência da falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do câncer de cólon associado à sua condição clínica prévia”, diz a nota assinada pelos médicos Fabio Nasri, Rene Gansl, Alexandre Holthausen e Miguel Cendoroglo Neto.

A grandeza de Pelé nos campos de futebol de fato alcançou o apogeu mundial, tendo sido eleito em 1980 “o atleta do século” 20.

Venceu três das quatro Copas do Mundo que disputou, marcando gols em todas elas, e fez 1.283 gols — segundo o próprio atleta, já que existem várias versões para esses números.

Entre agosto e setembro de 2021, ele havia sido internado para a retirada de um tumor no cólon (parte do intestino grosso), mas se recuperou.

Em janeiro de 2022, ele foi internado por dois dias em São Paulo “para dar sequência ao tratamento do tumor de cólon, identificado em setembro de 2021”, segundo boletim da equipe médica da instituição.

A página de Pelé no Instagram publicou uma mensagem dizendo que ele “pacificamente faleceu no dia de hoje. Em sua jornada, Edson encantou todos com sua genialidade no esporte, parou uma guerra, fez obras sociais no mundo inteiro e espalhou o que mais acreditava ser a cura para todos os nossos problemas: o amor.”

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez uma sequência de posts para homenagear o ex-jogador e falou da importância de Pelé para divulgar a imagem do país no mundo.

Mas Pelé, a lenda — divisão que ele mesmo gostava de fazer, referindo-se sempre a “Pelé” na terceira pessoa do singular — segue viva na história do futebol. “O Pelé é perfeito, o Edson é uma pessoa como qualquer outra”, costumava dizer.

Com inúmeras controvérsias em sua vida privada, o Rei do Futebol, ou apenas “Rei”, teve uma vida intensa marcada por recordes imbatíveis em campo, cifras altas de pagamento e uma referência inesquecível no imaginário da identidade brasileira.

De onde vem o apelido Pelé

As curiosidades e controvérsias sobre Pelé começam pelo seu nome. Em 2010, descobriu-se a certidão original de nascimento do jogador, e só então ficou-se sabendo que ele havia nascido no dia 21 de outubro de 1940, não 23, como se pensava anteriormente, e que seu nome era grafado com “i”, diferentemente do “Edson” que adotara. Em sua conta no Twitter, Pelé disse que o “Edison” seria uma referência a Thomas Edison, o inventor da lâmpada, pois nasceu na mesma época em que a eletricidade chegara a seu bairro.

Edison Arantes do Nascimento, como foi batizado, teve uma infância humilde, em que chegou a passar fome. Logo mudou-se com a família de sua cidade natal, Três Corações (MG), para Bauru (SP). Na cidade paulista, segundo ele, um dia chegou à sua casa na hora do jantar para encontrar a mãe, Celeste, em prantos porque não havia comida para alimentar a família. Para ajudá-la, vendeu amendoim e engraxou sapatos – sendo que sua caixa de engraxate, além de ser um de seus orgulhos, é uma das peças fundamentais do Museu Pelé, criado em 2014.

Desde criança jogava futebol nas ruas sem calçamento onde morava, chutando descalço uma bola feita de pano. Foi jogando com seus amigos de escola que surgiu o apelido Pelé. Fã de um goleiro chamado Bilé, o pequeno atleta gritava “Bilé! Bilé!” quando jogava no gol, uma referência que não foi compreendida pelos amigos. (Fotos Arquivo)

Com informação dos portais UOL, G1 e Globo

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