Quem conta essa história é a jornalista Clarissa Oliveira, depois de ouvir diversas pessoas que acompanharam a correia na madrugada desta terça-feira, 10, que antecedeu a decisão médica de operar o presidente Lula.
Segundo Clarissa, os momentos que antecederam a cirurgia na cabeça à qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi submetido foram de extrema tensão.
“Lula acordou na manhã desta terça-feira (10) conversando e recebendo a notícia que queria: sua recuperação será total e não há risco de sequela. Mas o clima era outro ontem, quando o cardiologista Roberto Kalil Filho foi avisado de que algo não estava bem”,conta a colunista.
O alerta não veio de Lula.
“Partiu do empresário José Seripieri Filho, o Júnior. Depois de um encontro com o presidente, Júnior sentiu que o presidente não estava como de costume. Mostrava-se muito cansado, fraco, sem a vivacidade e o vigor de costume. Preocupado, o empresário, que é amigo do dr. Kalil, tomou a iniciativa de telefonar ao cardiologista”, revela.
“Kalil, como de costume, atendeu o telefone fazendo piada com seu amigo de longa data. Mas o tom da conversa mudou rapidamente. Na ponta da linha, Junior avisou que o assunto era sério. E iniciou-se ali uma corrida contra o relógio”, prossegue a jornalista.
Diante do relato, Kalil acionou a médica da Presidência, Ana Helena Germoglio, que foi até Lula.
O exame preliminar do presidente mostrava um quadro levemente febril. Cogitou-se até mesmo covid.
“Mas a escolha dos médicos foi por fazer todos os exames na sede do Sírio em Brasília, já que Lula vinha sendo monitorado constantemente por conta da lesão recente que teve na cabeça, após cair no banheiro. Foi no exame de ressonância magnética, segundo o hospital, que se confirmou o sangramento intracraniano que levou o presidente à mesa de cirurgia”, adianta Clarissa.
Embora o Sírio-Libanês disponha de uma estrutura completa em Brasília, foi Kalil quem insistiu em transferir Lula para a sede do hospital em São Paulo. Afinal, a sede do hospital na capital paulista possui uma estrutura muito mais robusta, além da equipe de confiança do cardiologista.
Tudo aconteceu muito rápido. Mas o trajeto no avião presidencial foi marcado por muita tensão.
Segundo os relatos obtidos pela colunista, “Lula manteve-se calmo durante todo o trajeto. Mas não era o Lula brincalhão que costuma fazer piada até mesmo nos momentos difíceis. Afinal, o presidente estava de fato se sentindo muito mal. E, assim como seus médicos, estava preocupado. Mas o clima tenso não se restringia ao interior da aeronave. Kalil aguardava ansiosamente a chegada de Lula na pista de pouso do aeroporto de Congonhas. Ele recebeu Lula na porta do avião. Júnior também acompanhou de perto cada minuto”, finaliza a jornalista.
O quadro de Lula está controlado e sua recuperação será completa, de acordo com a equipe médica. Mas a rapidez na tomada de decisões foi determinante para evitar que o desfecho fosse grave.
Para os médicos do presidente, 12 horas a mais mudariam tudo. (Fotos: Reprodução)