A futura ministra da Saúde e os obstáculos para enfrentamento dos casos de Covid que crescem no país

Lula, presidente eleito a tomar posse na Presidência do Brasil dia 1 de janeiro, não poderia ter sido mais feliz ao indicar a cientista Nísia Trindade Lima,  presidente da Fiocruz, para Ministra da Saúde.

Ela é quem poderá trazer mais tranquilidade aos brasileiros no enfrentamento da Covid que se anuncia em nova pandemia, depois da situação sombria que a doença voltou a causar ao povo chinês.

Assistindo instante atrás na TV entrevista de outra cientista da Fiocruz,  Margareth Dalcolmo, traçando um quadro sombrio sobre os desdobramentos da nova onda da Covid no país – e a repetição do mesmo descaso da primeira onda -, a fala dela  faz refletir que Nísia no comando do ministério pelo menos nos garante que não haverá titubeios, nem campanhas negacionistas, no enfrentamento da enfermidade, caso se confirme a elevação de casos do coronavírus.

Como nos mostra o noticiário, a Covid explodiu definitivamente na China, depois que o governo local acabou com a política de Covid-zero, pressionado pela opinião pública.

Há previsões tenebrosas, de que a doença pode atingir 60% da população chinesa.

Os crematórios estão lotados, e teme-se uma paralisação da economia chinesa, maior do que nos tempos de políticas restritivas.

O país não se preparou para a explosão, não há vacinas em quantidade suficiente.

Os desdobramentos sobre o Brasil são tenebrosos.

A nova onda exige um tipo novo de vacina, produzido apenas pela Moderna e pela Pfizer.

O país já tem um contrato com a Pfizer.

Mesmo assim, o Ministério da Saúde não providenciou compras a tempo.

Só recentemente a Pfizer enviou vacinas, em quantidade infinitamente inferior às necessidades brasileiras.

Os dados diários da Covid mostram plena expansão.

Margareth diz que o país está longe do platô da doença – significando que a contaminação continuará crescente.

Apenas em dezembro, o número de contaminados foi superior a 778 mil.

Esse aumento de casos ainda não impactou de forma mais forte o de óbitos.

E aí se entra no segundo drama brasileiro.

A produção de vacinas e medicamentos brasileiros depende, fundamentalmente, de produtos de química fina importados da China.

Uma desestruturação da economia chinesa afetará um insumo básico de um país que deixou de pensar suas questões estratégicas.

Nos 12 meses até novembro a importação de produtos químicos ficou em US$ 8,2 bilhões, sendo o maior produto da pauta de importações da China.

Por tudo isso, a dra. Dalcolmo defende cada vez mais uma política de saúde destinada a garantir a segurança interna, com a reativação da política nacional de incentivo à cadeia produtiva da saúde.

A indicação da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, para Ministra da Saúde poderá ser a afirmação definitiva de uma nova forma de política industrial.

Numa rápida entrevista sobre este tema, Nísia disse que é preciso usar o poder de compra do estado para transferência de tecnologia para laboratórios públicos, e licenciamento para laboratórios privados.

Vamos torcer para que isto realmente venha a ocorrer. (Foto: Divulgação/Agência Fiocruz de Notícias)

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