China compra mais soja do Brasil; agricultores reclamam de Trump

O aumento das tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à China está causando impactos severos na agricultura americana e acelerando a diminuição da competitividade do Brasil no mercado mundial de soja. Essa notícia foi divulgada pela agência Xinhua, que conversou com Corey Goodhue, um agricultor do estado de Iowa, conhecido por ser uma das áreas agrícolas mais tradicionais dos Estados Unidos.

Goodhue ressaltou o papel crucial da China para os agricultores dos Estados Unidos. “Metade de toda a soja produzida nos EUA era destinada ao mercado chinês“, disse ele. Contudo, devido às contínuas tarifas impostas, Pequim começou a adquirir quantidades cada vez maiores da soja brasileira, o que fortaleceu o setor agrícola do Brasil e diminuiu significativamente a participação americana nesse comércio. “À medida que perdemos mercado, torna-se mais necessário encontrar novos destinos para nossas áreas de cultivo, e isso é um desafio. As opções para onde podemos direcionar essa produção são limitadas atualmente“, lamentou Goodhue.

Além da diminuição da competitividade, o agricultor expressou sua insatisfação com a incerteza provocada pelas frequentes alterações na política comercial de Trump. “Propostas de tarifas que variam a todo momento, diariamente… como podemos estruturar um negócio assim?”, indagou, ressaltando as dificuldades enfrentadas pelos produtores para estabelecer seus ciclos de produção e investimento.

Em meio a incertezas e recessão nos Estados Unidos, o Brasil se destaca com um progresso sólido e bem estruturado. A falta de impostos extras e a manutenção de relações comerciais estáveis com a China possibilitaram que o Brasil se tornasse o líder nas exportações mundiais de soja, reafirmando sua posição como o principal fornecedor para o mercado consumidor mais extenso do planeta.

Em Iowa, os efeitos são evidentes. De acordo com Goodhue, a diminuição das receitas do setor agrícola está influenciando toda a rede econômica da região: cooperativas estão reduzindo seus investimentos, o comércio está se desacelerando e o desemprego aumenta em áreas relacionadas à produção agrícola. “Essas tarifas estão destruindo nossas comunidades”, afirmou.

A competição iniciada por Trump, em vez de fortalecer a agricultura americana, acabou permitindo o avanço do Brasil no comércio global de grãos — uma transformação que, conforme afirmam os especialistas, poderá resultar em impactos duradouros mesmo que as políticas de tarifas sejam alteradas no futuro (Foto: Reuters)

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