Frei Betto: linha de Francisco é essencial para catolicismo não minguar

Frade dominicano disse à Coluna que pontífices conservadores afastaram Igreja das bases populares; antropóloga da Universidade Lusófona, Lídice Meyer afirmou à Coluna que catolicismo pode perder certos grupos se novo papa não corresponder a expectativas

 

A escolha de um papa que continue a linha progressista de Francisco é importante para o catolicismo não minguar, na avaliação de Frei Betto. O frade dominicano disse à Coluna do Estadão que pontífices conservadores afastaram a Igreja das Comunidades Eclesiais de Base, que atuam a nível local, o que reduziu o número de fiéis. “É essencial um Papa que se volte cada vez mais para bases populares, porque está muito elitizado”, frisou.

Projeção com base nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a partir de 2032 a população evangélica ultrapassará a católica no Brasil.

“Se o novo Papa não corresponder às expectativas, pode levar alguns que se aproximaram da Igreja, como divorciados, homossexuais e jovens, a voltarem a se afastar”, afirmou à Coluna Lídice Meyer Pinto Ribeiro, da Universidade Lusófona, PHD em Antropologia e História, com foco em religiões.

”Dado o fato de que há um movimento conservador contrário às reformas (na Igreja Católica), a presença de sete cardeais brasileiros, de tendência mais progressista, pode favorecer a escolha de um novo papa que dê continuidade ao legado de Francisco”, disse Lídice Meyer.

Frei Betto ressalta o legado de Francisco na defesa da pauta ambiental, dos direitos dos imigrantes e do acolhimento aos homossexuais. “O Francisco, de fato, foi um homem que veio pra renovar a Igreja e ele abriu várias vias importantes”, declarou. Na avaliação o frade, o conclave, que escolherá o novo papa, será disputado. Francisco morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos. Segundo o Vaticano, ele teve um acidente vascular cerebral (AVC) e colapso cardiocirculatório. (Foto: Reprodução)

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