Polícia investiga esquema que já desviou mais de R$ 2 bi do FGTS

Polícia Federal desvendou uma operação que movimentou, ao menos, R$ 2 bilhões nos últimos cinco anos em todo o território nacional. O esquema envolvia colaboradores da Caixa Econômica e visava vítimas como beneficiários de programas sociais, além de cidadãos com direito ao FGTS e ao seguro-desemprego.

Não arrombam portas. Não utilizam armas. São criminosos impiedosos que furtam de quem mais necessita. A maior parte das vítimas é composta por beneficiários de programas sociais do governo federal, que realizam transações através do aplicativo Caixa Tem. No entanto, a fraude também afeta trabalhadores que possuem saldo no FGTS e valores a receber do seguro-desemprego. Os infratores ainda zombam com o dinheiro das vítimas.

A Polícia Federal não divulgou a identidade do líder do grupo criminoso. De acordo com informações do Fantástico, o fraudador é chamado de Careca. As autoridades afirmam que ele coordenava as ações de acesso ilegal às contas dos beneficiários.

Careca foi detido junto com um cúmplice, no Rio de Janeiro, em 2022, nas proximidades de uma agência da Caixa Econômica. Embora a dupla tenha conseguido enfrentar o processo em liberdade, o laptop que foi confiscado com eles trouxe à tona o esquema.

Tratava-se de um esquema enganoso elaborado, impulsionado por ferramentas digitais e permissões formais. O grupo criminoso conseguiu realizar o golpe repetidamente ao longo do tempo devido ao apoio de indivíduos que estavam dentro da organização.

A pesquisa revelou que trabalhadores da Caixa transferiam informações confidenciais e essenciais para que os bandidos conseguissem invadir o sistema do Caixa Tem. Além disso, um dos funcionários chegou a realizar saques em espécie no caixa, seguindo ordens do grupo.

Para estruturar o golpe, os golpistas entravam em sites clandestinos na web para obter milhares de CPFs e, a partir daí, identificavam aqueles que possuíam benefícios ativos. Essas informações eram então enviadas aos colaboradores da Caixa que participavam da fraude, que modificavam os registros das vítimas no aplicativo ‘Caixa Tem’, trocando os e-mails dos beneficiários por outros sob o controle do grupo criminoso.

Dessa maneira, eles eram capazes de criar novas senhas. Como resultado, os infratores assumiam o controle absoluto das contas. Realizavam transferências via PIX, quitavam boletos ou retiravam o dinheiro.

Devido aos valores baixos dos benefícios, a gangue repetia continuamente o esquema para obter mais dinheiro. Eles precisavam acessar o sistema do ‘Caixa Tem’ centenas de vezes diariamente. Para alcançar isso, utilizavam um programa que transformava um computador em um simulador de celular, permitindo assim o controle e acesso a várias contas simultaneamente.

Desde 2010, a Polícia Federal conta com uma equipe dedicada ao enfrentamento desse tipo de crime. Nesta semana, os policiais realizaram uma nova ação em 14 municípios do Rio de Janeiro, confiscando celulares e computadores. A PF afirma que diversas organizações criminosas estão envolvidas nesse esquema em todo o território nacional. (Foto: PF)

Relacionados

plugins premium WordPress