Entre janeiro e março de 2025, a área total afetada por incêndios no Brasil alcançou 912,9 mil hectares. Em relação ao mesmo período do ano anterior, que apresentou 2,1 milhões de hectares, houve uma queda de 70% na área nacional impactada pelo fogo.
Das áreas afetadas pelo incêndio, 78% correspondem à vegetação nativa, com 43% do que foi queimado pertencendo a zonas de campo.
Nos últimos três meses, Roraima foi o estado brasileiro que registrou a maior área queimada, totalizando 415,7 mil hectares. O Pará ocupou o segundo lugar, com 208,6 mil hectares consumidos pelas chamas, enquanto o Maranhão ficou em terceiro, perdendo 123,8 mil hectares. Dentre os municípios, Pacaraima e Normandia, situados em Roraima, foram os mais severamente impactados, com 121,5 mil e 119,1 mil hectares destruidos, respectivamente.
De acordo com Felipe Martenexen, um pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Roraima enfrenta sua temporada de seca no começo do ano, o que torna a região especialmente suscetível a incêndios nesse intervalo. “As informações coletadas no primeiro trimestre de 2025 evidenciam essa variação climática, com Roraima se destacando como o principal ponto de queimadas no Brasil”, esclarece.
Nesta quarta-feira (16), foram apresentados os dados do Monitor do Fogo, uma iniciativa do MapBiomas que emprega imagens de satélite para identificar áreas afetadas pelo fogo em todo o território nacional.
“A chegada da estação chuvosa ajuda a reduzir a quantidade de queimadas. Contudo, o Cerrado apresentou a maior extensão de área afetada pelo fogo no primeiro trimestre em relação aos anos anteriores, o que destaca a urgência de implementar estratégias direcionadas para a prevenção e o controle do fogo em cada tipo de bioma”, advertiu a pesquisadora Vera Arruda, do Mapbiomas Fogo.
Consumidos pelo fogo
De janeiro a março de 2025, a área do Cerrado registrou um crescimento de 12% em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior. Nesse período, 91,7 mil hectares foram consumidos pelo fogo, superando em 106% a média histórica desde 2019.
A Mata Atlântica e o Pampa também sofreram expansão em suas áreas afetadas pelas chamas. Em comparação a 2024, as regiões queimadas cresceram 7% e 1,4%, respectivamente. A Mata Atlântica foi impactada em 18,8 mil hectares, enquanto o Pampa registrou 6,6 mil hectares de queimadas.
Embora a Amazônia tenha mostrado uma redução de 72% na área afetada por incêndios nos primeiros três meses de 2024, ela foi o bioma que mais sofreu em termos de área queimada durante o mesmo intervalo em 2025. No total, foram consumidos 774 mil hectares, correspondendo a 78% do total de queimadas no país.
“A diretora de Ciência do Ipam e coordenadora do Mapbiomas Fogo afirma que a próxima estação seca, prevista para 2025, tem grandes chances de ser intensa, o que pode alterar essa situação de diminuição.”.
Durante os três primeiros meses de 2025, tanto o Pantanal quanto a Caatinga registraram uma diminuição nas áreas afetadas por incêndios. No Pantanal, foram 10,9 mil hectares, enquanto na Caatinga o número foi de 10 mil hectares, o que corresponde a uma redução de 86% e 8%, respectivamente, se comparado ao mesmo intervalo de 2024.
Mês de março
No final do primeiro trimestre deste ano, incêndios consumiram 106,6 mil hectares em território nacional, correspondendo a 10% da extensão total queimada durante os meses avaliados. Em relação a março de 2024, houve uma diminuição de 674,9 mil hectares afetados, refletindo uma queda de 86%.
No mês, a Amazônia registrou a queima de 55,1 mil hectares; o Cerrado, 37,8 mil hectares; a Caatinga, 2,2 mil hectares; a Mata Atlântica, 9,2 mil hectares; o Pampa, 1,5 mil hectares; e o Pantanal, 561 hectares. (Foto: Agência Santarém.)