Rios da Amazônia perderam 3,6% de água em 2024

A Amazônia está enfrentando uma diminuição de seus recursos hídricos. Em 2024, houve uma redução de 3,6% nas bacias hidrográficas, impactando cerca de 4,5 milhões de hectares, conforme aponta uma pesquisa do MapBiomas, que reúne cientistas de universidades, organizações não governamentais e empresas.

Carlos Souza, pesquisador do MapBiomas, afirma que “a Amazônia enfrentou dois anos seguidos de seca severa, e em 2024 esse fenômeno começou mais cedo, impactando áreas que não sofreram tanto em 2023, como a bacia do Tapajós..

Das 47 sub-bacias, incluindo Tapajós, Madeira, Negro, Solimões e Javari, 63% mostraram diminuição na quantidade de água em relação à média histórica. As situações mais críticas foram observadas nas sub-bacias do Rio Negro, onde a área reduziu em mais de 50 mil hectares quando comparada à média histórica.

No ano de 2024, diversos rios na área atingiram níveis críticos, conforme informações do SGB (Serviço Geológico do Brasil). A escassez de água impactou a navegação, o fornecimento de mercadorias em várias localidades do Estado e alterou a rotina de muitas comunidades ribeirinhas e indígenas.

A preocupação com o meio ambiente é evidenciada, uma vez que a redução do nível de água agrava a destruição dos ecossistemas aquáticos e pode resultar em uma significativa mortalidade de peixes.

A forma como a terra é utilizada e ocupada no Brasil, combinada com fenômenos climáticos extremos resultantes do aquecimento global, está contribuindo para a secura do país. Essas informações destacam a urgência de implementar estratégias adaptativas para a gestão da água e políticas públicas que possam inverter essa situação”, afirma Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.

De acordo com o MapBiomas, o Brasil possui 12% da água doce do mundo, embora essa disponibilidade não seja igualitária. A Amazônia concentra mais da metade das reservas hídricas do país (61%), onde residem 4,2 milhões de pessoas. Por outro lado, a Caatinga, que é lar para 32 milhões de residentes, contém menos de 1 milhão de hectares de água superficial (981 mil, representando apenas 5% do total).

A Mata Atlântica, com uma área de 2,2 milhões de hectares, abriga 13% das fontes hídricas do Brasil. Em seguida, o Pampa, que possui 1,8 milhão de hectares, corresponde a 10% do total, enquanto o Cerrado, com 1,6 milhão de hectares, representa 9%. Conforme dados do MapBiomas, em 2024, o Pantanal apresentava a menor área de água no país, totalizando 366 mil hectares, ou 2% do total.

 

Queimadas

De acordo com o MapBiomas, entre janeiro e fevereiro deste ano, as queimadas tiveram foco no estado de Roraima. No município de Normandia, foram consumidos 21,9 mil hectares, o equivalente a 22 mil campos de futebol. Pacaraima apresentou 17,7 mil hectares queimados, enquanto Boa Vista teve 10,3 mil. Esse cenário fez com que a Amazônia se tornasse o bioma mais impactado pelas chamas, totalizando 89,1 mil hectares destruídos.

Conforme a pesquisa, um ponto favorável é a comparação com o mesmo mês do ano anterior, quando 1,2 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo na Amazônia, resultando em uma redução de 92% em relação ao período equivalente do ano passado.

Neste começo de ano, o Cerrado é o segundo bioma mais impactado, com a perda de 22,3 mil hectares, enquanto a Mata Atlântica ocupa a terceira posição, com 3,9 mil hectares, conforme apontado pela pesquisa. Roraima, com 73,2 mil hectares, lidera a lista dos estados mais atingidos, seguido por Mato Grosso do Sul, que perdeu 10,2 mil hectares, e Pará, que vem em terceiro, com 8,4 mil hectares.

No mês de fevereiro, as áreas de vegetação de campos localizadas no Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal sofreram as maiores queimadas, com 43,5% de seus Territórios comprometidos. Logo em seguida, as florestas apresentaram uma taxa de afetação de 16,4%, e as pastagens ficaram em terceiro lugar, com 15,8%.  (Foto: Feifiane Ramos/ AM Atual)

Relacionados

plugins premium WordPress