O avião A321XLR, cujo nome significa “Alcance Extra Longo” em inglês, é uma versão aprimorada do bem-sucedido A321neo, lançado em 2017, e é capaz de realizar voos mais longos do que qualquer outra aeronave de fuselagem estreita disponível atualmente.
De acordo com a Airbus, essa aeronave consome 30% menos combustível por passageiro em comparação com modelos anteriores.
“Isso nos possibilita acessar localidades que não teríamos a coragem de visitar utilizando um avião de grande porte”, comentou Reid Moody, responsável pela estratégia e planejamento da Aer Lingus, ao mencionar as aeronaves de duplo corredor, como o Airbus A330 e o Boeing 787, frequentemente utilizados em voos sobre o Atlântico.
A Aer Lingus iniciou sua rota direta entre Dublin, na Irlanda, e Nashville, possibilitada pelo novo avião de maior alcance da Airbus.
A companhia de transporte da Irlanda já possui dois A321XLR em sua frota e tem a intenção de incorporar mais quatro até o fim do ano.
Centenas de encomendas
Aviadoras ao redor do globo estão solicitando um novo modelo de aeronave.
A Aer Lingus e a sua rival espanhola, Iberia — ambas pertencentes ao grupo aéreo europeu International Airlines Group (IAG) — já operam com o A321XLR, conforme dados da empresa de análise de aviação Cirium, que indicam que a Airbus recebeu encomendas definitivas de mais de 500 unidades desse modelo.
A Air Canada, American Airlines, Qantas Airways e United Airlines estão entre as companhias que esperam receber seu primeiro XLR.
Aviões de fuselagem estreita sobrevoando o Oceano Atlântico Norte já se tornaram comuns.
O Boeing 757 cruzou os ares entre a América do Norte e a Europa por muitos anos. No entanto, este modelo é considerado antigo. O último exemplar foi fabricado na unidade de Everett, Washington, em 2004.
As últimas companhias aéreas que ainda operam o 757, como a United, estão ansiosas por substituir esses aviões pelos novos modelos XLR que são mais econômicos em termos de consumo de combustível. Além disso, empresas como a Aer Lingus desejam que a nova aeronave da Airbus amplie suas rotas transatlânticas para incluir novas cidades.
O XLR, ao substituir os antigos 757, poderá possibilitar que as companhias aéreas deixem de lado os grandes centros de conexões em ambos os lados do Atlântico, viabilizando a criação de novas rotas diretas para cidades menores.
“Estamos planejando expandir para entre 10 e 12 novas localidades na Europa Oriental e no Norte da África, a partir de Newark e Dulles, em Washington”, afirmou o CEO da United, Scott Kirby, durante o podcast The Air Show em junho. “Estamos entusiasmados com essa novidade.”
Apesar de Kirby não ter indicado quais cidades estão no radar da United, seus recentes esforços de expansão apontam para locais inusitados, especialmente nos Estados Unidos, como Bilbao, na Espanha, e Nuuk, na Groenlândia.
A United projeta receber a entrega de seu primeiro A321XLR, de um total de 50 unidades, no começo de 2026.
A American Airlines também está atenta ao mercado europeu com seus novos XLRs.
“Estamos explorando novos destinos alternativos, incluindo Espanha, Portugal e Reino Unido, além de outras opções viáveis como França, Alemanha e Escandinávia, que consideramos mais apropriadas para aeronaves menores do que um wide-body”, afirmou Brian Znotins, responsável pelo planejamento de rede na American, em entrevista ao The Points Guy em novembro.
O XLR inaugural da American, previsto para ser lançado ainda este ano, será utilizado, a princípio, em rotas premium transcontinentais ligando Nova York a Los Angeles e São Francisco.
Além das possibilidades de crescimento, os passageiros também podem observar as companhias aéreas utilizando seus XLRs para incorporar voos adicionais em trajetórias que atualmente podem contar com apenas um.
O avião pode ser utilizado para prolongar uma rota que normalmente é sazonal; por exemplo, uma que opera apenas no verão, passando a ter voos durante todo o ano, incluindo o inverno, que apresenta uma demanda menor.
Perguntas de alcance
É uma questão em aberto quantas novas rotas transatlânticas e outras vias o XLR poderá liberar.
As alterações de segurança solicitadas pelos órgãos reguladores da Europa resultaram em um aumento no peso da aeronave. É unanimemente aceito que essas modificações diminuíram a distância máxima que o jato pode alcançar, passando de aproximadamente 5.400 milhas (4.700 milhas náuticas) para cerca de 5.200 milhas (4.500 milhas náuticas).
A redução do alcance, mesmo que pareça insignificante, pode determinar se é possível voar de Nova York para a maior parte da Europa ou se o destino se limita apenas à Europa Ocidental.
“O XLR é significativamente mais pesado do que a Airbus havia planejado inicialmente”, afirmou Jon Ostrower, editor do The Air Current, em um episódio recente do The Air Show. “Isso impactou bastante as operações de voos longos que companhias aéreas como a Frontier desejavam com 240 assentos.”
A companhia aérea de baixa tarifa Frontier Airlines decidiu cancelar seu pedido do XLR em agosto, citando preocupações relacionadas ao desempenho.
“O avião provavelmente não conseguirá atingir a distância necessária para operar algumas das rotas que muitos desejavam, como a ligação entre a Costa Leste e Roma”, afirmou Brett Snyder, que é o presidente do serviço de apoio a viajantes Cranky Concierge e escreve o blog Cranky Flier.
“Contudo, ele está autorizando a decolagem, abrangendo voos entre Dublin e Nashville, além de Indianápolis. Com o passar do tempo, surgirão mais chances de explorar e experimentar novidades.”
A maior parte das empresas aéreas aparenta não se importar com a redução de sua extensão de voo.
“É uma preocupação somente nas temporadas de verão mais intensas”, afirma Ramiro Sequeira, que atua como diretor de operações da Iberia, ao comentar sobre as capacidades do A321XLR. A companhia aérea está confiante de que conseguirá alcançar todas as suas expectativas com a aeronave — se não excedê-las.
A Iberia foi a pioneira na operação do XLR, iniciando os voos entre Madri e Boston em novembro. A companhia pretende começar a utilizá-lo em abril em rotas para Washington, DC, enquanto aguarda a entrega atrasada de sua segunda aeronave da Airbus.
Sequeira não divulgou quais serão as novidades para a companhia aérea Iberia. “As novas rotas são um mistério do setor comercial”, afirma.
Conforto premium
Os passageiros poderão contar com um serviço a bordo do XLR que se assemelha ao que encontrariam em aeronaves de maior porte.
A American Airlines pretende lançar uma nova classe executiva e uma opção de economia premium em seus A321XLRs, que devem ser inaugurados no final do ano.
A companhia aérea adicionará aos seus aviões 20 novas “Flagship Suites“ que podem ser totalmente reclinadas na parte da frente, 12 assentos de classe econômica premium confortáveis no meio e uma nova configuração econômica na traseira.
“O CEO da American, Robert Isom, expressou sua satisfação com a apresentação de nossa nova Flagship Suite durante uma reunião com investidores em 23 de janeiro, destacando que o XLR será um dos primeiros modelos a contar com esses assentos. Ele ressaltou a importância do conforto dos passageiros em aeronaves que operarão em rotas internacionais mais extensas.”.
A Aer Lingus e a Iberia instalaram assentos de classe executiva totalmente reclináveis na parte frontal de suas aeronaves, enquanto a seção traseira conta com assentos econômicos tradicionais. Segundo eles, os comentários dos consumidores têm sido predominantemente favoráveis.
“O passageiro”, declarou Moody, “de maneira geral, não se preocupa em voar em uma aeronave de fuselagem estreita ao invés de uma de fuselagem ampla”.
A operadora aérea Latam já tem modelo A321XLR (Foto: Divulgação)
