Por Henrique Acker – Às vésperas de entrar em vigor nos EUA, a taxação de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá foi suspensa. Depois de pressionar os países vizinhos e maiores parceiros comerciais, Donald Trump negociou pessoalmente com Claudia Sheinbaum e Justin Trudeau uma trégua de 30 dias na aplicação das novas tarifas.
Em troca, a presidente do México e o primeiro-ministro do Canadá comprometeram-se a colocar dez mil militares de cada país nas fronteiras, visando combater a entrada de drogas e conter a imigração ilegal para os EUA.
Além da suspensão provisória das tarifas, o México pediu em troca que o governo dos EUA travem o contrabando de armas que chegam aos grupos de narcotraficantes pela fronteira.
Morde e sopra
Na véspera, Justin Trudeau fez um pronunciamento sobre o histórico de fidelidade do Canadá ao país vizinho, relatando os riscos que a taxação dos produtos canadenses pode representar para a economia e o próprio povo estadunidense.
O aparente recuo de Trump é encarado por analistas como um recado sobre a nova política externa dos EUA com países considerados aliados: primeiro pressão e chantagem, depois negociação. A China já experimentou esse mesmo método, quando firmou acordos com os EUA no primeiro governo de Trump, em 2020.

Outro aspecto a destacar foi a queda das bolsas de 2 para 3 de fevereiro, às vésperas da entrada em vigor das novas tarifas sobre produtos da China, México e Canadá. O mercado financeiro reagiu mal às medidas previstas nos decretos de Trump.
Trump também anunciou que pretende aumentar em breve as tarifas sobre produtos da União Europeia. “Eles não levam os nossos carros, não levam os nossos produtos agrícolas, não levam quase nada e nós levamos quase tudo deles”, afirmou Trump em recente entrevista coletiva.
Mantida a taxação de produtos da China
Já a disposição de Trump em negociar uma trégua com a China parece menor, pelo menos até segunda ordem. O governo de Pequim anunciou um aumento de 10% a 15% nas tarifas de importação sobre os mesmos produtos taxados por Washington. Isso inclui combustíveis, máquinas agrícolas e veículos importados dos EUA.
Pequim também apresentou reclamação junto a Organização Mundial do Comércio (OMC). Em comunicado, o Ministério das Finanças chinês afirma que a decisão de Trump “viola as regras da OMC, nada faz para resolver seus problemas e prejudica a cooperação econômica e comercial normal entre China e EUA”.
O Instituto alemão IFO calcula que, caso as novas taxas sejam aplicadas pelos EUA, com a resposta no mesmo percentual pelos dois países vizinhos, o México sofreria uma redução de 35% em suas exportações, e o Canadá uma queda de 28%. No caso da China, o impacto seria de 3,8% do total exportado. Já os EUA sofreriam uma redução de 22% no total da exportação de seus protudos.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)