Vinte anos após sua morte, Bezerra da Silva é celebrado por parceiros

Popular nas ruas e vielas dos morros do Rio de Janeiro, Bezerra deu voz aos malandros da periferia e foi chamada por alguns críticos de música o “sociólogo do morro”

 

Neste sábado (18), a partir das 13h, Mesquita (RJ) será palco de uma grande celebração. Espera-se a chegada de grupos de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo na cidade da Baixada Fluminense. Além deles, moradores da região e de outras áreas do Rio de Janeiro também estarão presentes no Espaço JS1 para desfrutar de uma feijoada acompanhada de muito samba, em homenagem ao cantor, compositor e multi-instrumentista Bezerra da Silva, que faleceu exatamente 20 anos.

A celebração que começou na tarde de sábado está programada para se encerrar no domingo com um churrasco. “Serão quase 48 horas de festa, compreendeu? Vamos cantar samba à vontade, seja novo ou já gravado, e prestar nossa homenagem ao nosso grande mestre.” As previsões sobre a duração do evento e a quantidade de pessoas presentes são de Roxinho, o criador de Transação de Malandro e A Semente – um dos grandes clássicos do sambista entre outras composições que Bezerra gravou.

A feijoada e o churrasco celebram os 12 anos de atuação do Q.G. dos Compositores e Amigos do Bezerra da Silva, que também opera em Mesquita. O convite pode ser encontrado nas redes sociais, e a festa é aberta a todos, mas a presença de qualquer cagoete“, bicho“, “mané” ou otário não é bem-vinda. Esses termos da gíria, comuns em algumas áreas do Rio de Janeiro, são extremamente indesejados pelo círculo de sambistas que continua ligado ao legado de Bezerra.

Ninguém aprecia um delator. É algo indesejável, algo ruim. Não percebe na polícia? Sempre tem alguém desonesto disposto a contar, a delatar o que o parceiro está aprontando”, comenta o compositor Tião Miranda, criador de Língua de Tamanduá, samba interpretado por Bezerra da Silva no álbum Alô Malandragem, Maloca o Flagrante, lançado em 1986. A música é particularmente direcionada aos traidores ou “dedos duros”, “dedos ágeis”, “línguas indiscretas”, segundo o vocabulário de Bezerra da Silva.

No mesmo dicionário, a palavra “bicho” também se refere a vagabundo e até mesmo a bandido. Tião Miranda define como sendo alguém que não tem ambições, que se recusa a trabalhar e leva uma vida sem propósito. É aquele que atira na polícia e assassina durante assaltos. Bezerra adverte na canção Os Federais Estão Te Filmando, de Silva Jr., lançada em 1993, que “ser astuto demais pode te transformar em bicho”.

“Mané” e “otário” possuem significados semelhantes e, no jargão local, representam algo além de simples tolice ou ingenuidade. “O otário é aquele sujeito que te dá um golpe. Ele pede dinheiro emprestado e nunca devolve. Tudo o que ele faz é errado”, explica o compositor Enedir Vieira Dantas, conhecido como Pinga nas rodas de samba da Baixada Fluminense e autor de canções como Quem Usa Antena é Televisão, que escreveu em colaboração com Celsinho da Barra Funda e foi gravada por Bezerra da Silva em 1986.

Para compreender plenamente os termos otário e mané, é necessário recorrer à versão de antônimos do Dicionário de Bizerrês. Ambas as palavras aparecem em várias canções como opostas a malandro. Como diz a famosa letra de Neguinho da Beija-Flor, interpretada por Bezerra da Silva em um álbum lançado em 2000, “malandro é malandro e mané é mané”.

Pro delator, ninguém tem apreço. É uma praga, algo muito negativo. Não percebe na polícia? Sempre um indesejável por lá, pronto para entregar os outros, revelando as ações do irmão”, comenta o compositor Tião Miranda, responsável pela canção Língua de Tamanduá, interpretada por Bezerra da Silva no álbum Alô Malandragem, Maloca o Flagrante, lançado em 1986. A música é especialmente voltada para os denunciantes, conhecidos como “traíras”, “dedos de seta”, “dedos de radar e “línguas inquietas”, segundo o vocabulário de Bezerra da Silva.

No mesmo dicionário, “bicho” é associado a pessoas preguiçosas e até criminosas. “É aquele que não se esforça, não busca emprego, não se dedica a nada. É quem atira na polícia, mata durante assaltos”, explica Tião Miranda. “Quem é esperto demais acaba se tornando um bicho“, advertia Bezerra na canção Os Federais Estão Te Filmando, escrita por Silva Jr. e lançada em 1993.

“Mané” e otário são palavras que possuem significados semelhantes, e na linguagem popular se referem a algo além de apenas ser tolo ou ingênuo. O otário é o tipo de pessoa que se aproveita dos outros. Ele pede dinheiro emprestado e nunca devolve. Tudo que ele faz é equivocado”, explica o compositor Enedir Vieira Dantas, também conhecido como Pinga nas rodas de samba da Baixada Fluminense e autor de canções como Quem Usa Antena é Televisão, escrita em colaboração com Celsinho da Barra Funda e gravada por Bezerra da Silva em 1986.

Para compreender adequadamente os termos otário ou mané, é necessário recorrer à versão de antônimos do Dicionário de Bizerrês. Essas duas expressões aparecem em várias canções como contraponto ao termo malandro. Como muito tempo é elucidado pela letra de Neguinho da Beija-Flor, interpretada por Bezerra da Silva em um álbum de 2000, “malandro é malandro e mané é mané”. (Foto: Reprodução)

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