Ainda permanece bloqueada a rodovia BR-222, entre os municípios de Marabá e Bom Jesus do Tocantins , fechada por volta das 9 horas da manhã desta quarta-feira, 15.
O ato representa a insatisfação das 32 comunidades Gavião assentadas no território Mãe Maria, revoltadas com o anúncio, pela Secretaria de Educação do Pará, da implantação do ensino à distância nas áreas indígenas.
A reação dos indígenas contra a decisão do governo paraense ameaça se expandir por todo os territórios indígenas, a partir da ocupação da sede da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), em Belém, por indígenas de diferentes regiões do Pará.
Na capital paraense, o protesto começou nesta terça-feira (14) com os manifestantes atando redes para permanecerem na sede. São mais de 100 indígenas na ocupação, de acordo com as próprias lideranças.
Na reserva Mãe Maria, o bloqueio da rodovia BR-222 não tem data para ser suspenso, enquanto o governo do Estado ignorar a reivindicação de permanência do Sistema Modular de Ensino (Some) na educação escolar dos povos originários no estado.
O vereador indígena Dorivan Karajá, eleito pela primeira vez na eleição de outubro de 2024, e que representa a comunidade Gavião na Câmara Municipal de Bom Jesus do Tocantins (PA), disse ao Portal Opinião em Pauta que a rodovia permanecerá bloqueada sem tempo determinado.
“Enquanto o governo do Pará não decidir pela suspensão de aulas presenciais em on-line (por meio do Sistema Educacional Interativo, o SEI), manteremos a estrada fechada. Nossas comunidades indígenas, em todo o Pará, exigimos a permanência do Sistema Modular de Ensino (Some), programa que garante ensino médio presencial em comunidades distantes, onde há pouca infraestrutura, por meio de uma parceria entre o município e o governo estadual”, disse Dorivan Karajá, da comunidade Gavião Kojakati
No momento do bloqueio da rodovia, o Cacique Txaprama, liderança dos Gavião Kakti, disse que a decisão pela manifestação é um ato de defesa do nível educacional da comunidade, “e que o governo do Estado não pode nunca ignorar”.
Ao Opinião em Pauta, o vereador Dorivan Karajá acrescentou a extensão de demandas apresentadas ao governo paraense, e que representam anseios das comunidades indígenas.
“O objetivo dessa manifestação não se resume apenas à defesa do Sistema Modular de Ensino. O governo do Estado, através da secretaria de Educação, está no devendo a contratação de professores; temos aldeias que aguardam há mais de dois anos registros de escolas, professores aguardando contratos, apoios – e o Estado está sendo omisso, enquanto muitos alunos estão sem aula nas comunidades. O governo não está dando realmente a importância pra nós. Queremos somente nossos direitos: direito à educação e ao ensino de qualidade”, diz o vereador
Dorivan Karajá revela que o governo do Estado prometeu construir escolas nas comunidades, e nunca edificou as unidades.
“Na verdade, nós temos um secretário de Educação no Estado que não tem diálogo com a comunidades. Assim fica difícil: as comunidades estão cansadas de ser enganadas”, disse o parlamentar. “O nosso objetivo é fazer com que o governo do Pará nos atenda. Não queremos fazer guerra com ninguém, mas precisamos que nossas demandas sejam atendidas”, finalizou.
RODOVIA BLOQUEADA
A coordenação da manifestação na BR-222 decidiu pela estratégia de abrir por alguns minutos o tráfego na rodovia, a cada três horas.
Exatamente às 15 horas, agentes da Polícia Rodoviária Federal chegaram ao local do bloqueio e passaram a dar suporte.
O engarrafamento de veículos, em cada lado da rodovia, superar a 3 km de extensão.
Durante todo o dia desta quarta-feira, 15, a coordenação do movimento na estrada está sob a responsabilidade de cinco comunidades indígenas, entre elas a Rakti, sob a liderança do cacique Txaprama.
O planejamento do bloqueio da rodovia prevê a participação de lideranças de todas as demais 35 comunidades Gavião, a cada dia, se alternando de plantão. (Imagens: lideranças indígenas)