Como agia a mulher apontada como serial killer pela polícia do RS

Policiais do Rio Grande do Sul informaram, nesta sexta-feira, que Deisa Moura dos Anjos está sob investigação por supostos homicídios em série e por tentar ocultar evidências. A mulher, de 39 anos, é a principal suspeita de ter adicionado arsênio a um bolo em Torres, resultando na morte por envenenamento de três parentes durante as festividades de Natal do ano anterior. Além disso, ela é considerada culpada pela morte do sogro, ocorrida em setembro — o corpo da vítima foi exumado esta semana a pedido da polícia.

A delegada regional Sabrina Deffente, encarregada da investigação, afirmou que Deise “realizou pesquisas, adquiriu, recebeu e utilizou veneno para exterminar indivíduos” em diversas situações. Em investigações na internet, reveladas pela Polícia Civil após a confiscação do telefone da suspeita, foram encontrados dados sobre uma substância chamada água-tofana.

O veneno, conhecido por ser insípido e inodoro, era utilizado por mulheres para eliminar seus cônjuges no século XVII, segundo Deffente. Durante suas investigações sobre os ingredientes da mistura, Deise supostamente descobriu a presença de arsênio, que ela teria misturado à farinha do bolo feito por sua sogra, Zeli dos Anjos, de 60 anos, e oferecido a parentes.

 

Não dúvida de que estamos lidando com uma série de homicídios e tentativas de homicídio. Por um longo período, ela conseguiu evitar a descoberta e fez esforços para eliminar evidências que pudessem indicá-la como responsávelafirmou a delegada em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

 

Compreenda os eventos que ocorreram.

Na tarde de 23 de dezembro, seis membros de uma mesma família apresentaram problemas de saúde após ingerirem uma sobremesa. Ao serem atendidos no hospital, três delas faleceram: Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65 anos, e sua irmã Maida Berenice Flores da Silva, de 59 anos, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, de 47 anos, que era filha de Neuza.

Zeli também foi admitida com um quadro sério, mas teve alta do hospital nesta sexta-feira. O esposo de Maida e uma criança de 10 anos foram internados, mas receberam alta.

 

Achados da investigação pericial

De acordo com os dados apresentados pela análise pericial, foram detectados níveis extremamente elevados de arsênio na sobremesa, superando em mais de 350 vezes o limite considerado seguro para ocasionar envenenamento. Além disso, a substância nociva foi identificada em quantidades que correspondem a 2.700 vezes o total verificado na sobremesa.

À medida que as investigações avançavam, os policiais identificaram uma quarta vítima. O sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, faleceu em setembro do ano anterior, e na ocasião, a sua morte foi classificada como intoxicação alimentar. Todavia, com o desdobramento do caso do bolo envenenado, surgiu a teoria de que ele poderia também ter sido vítima de envenenamento por arsênio. Essa suspeita foi corroborada pela análise pericial realizada nesta sexta-feira.

Conforme afirmam os investigadores, Deise fez tentativas de esconder as evidências após o falecimento de Paulo. Dados extraídos de celulares, divulgados pela Polícia Civil, indicam que ela buscou queimar o corpo do sogro e elaborar uma história de que ele teria ingerido bananas infectadas em decorrência de uma inundação na cidade de Canoas (RS), local onde a família possui uma residência.

Ela também teria mencionado que o esposo encontrava-seextremamente tristedevido ao falecimento do pai e que ele se sentia responsável, supostamente, por ter levado as frutas a Paulo. Dessa forma, Deise solicitou que não fossem realizadas novas análises laboratoriais no corpo para determinar a causa da morte. Em seus apelos, ela chegava a invocar Deus.

Creio que devemos dedicar mais tempo à oração, mostrar mais aceitação e evitar buscar responsáveis em situações que não possuem culpados, especialmente nos instantes que Deus nos proporciona. Isso é algo irreversível, que não pode ser desvendado por polícia ou perícia“, afirmou ela em uma mensagem para a sogra.

O chefe da Polícia Civil de Torres, Marcos Vinicius Veloso, declarou que Deise chamou a sogra de “naja” em seus testemunhos às autoridades. Além disso, ele comentou sobre a conduta de Deise:

Sua atitude era serena, com uma resposta sempre pronta, demonstrando calmadeclarou.

Na entrevista coletiva, os oficiais também afirmaram que Deise teria tentado se encontrar com a sogra que estava internada, poucos dias depois do ocorrido, trazendo consigo um suco para Zeli. Suspeitando que isso poderia ser uma nova tentativa de envenenamento, os visitadores da idosa decidiram descartar a bebida.

Constatando a possibilidade, eles recolheram essas garrafas e as levaram à delegacia — explicou o delegado, ressaltando que os itens serão submetidos a uma avaliação pericial. (Foto: Redes Sociais)

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