Durante a cerimônia que comemorou os dois anos dos ataques golpistas ocorridos em 8 de janeiro, o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, presente ao lado dos outros líderes das Forças Armadas, declarou à coluna que “tudo que promove a democracia é sempre muito apreciado”.
Quem informa é a jornalista Bela Megale, de O Globo.
O almirante afirmou à colunista que a relação entre os militares e Lula está em boas condições, chamando o presidente de “comandante supremo, o timoneiro“. Essa menção ao presidente ocorreu quando Olsen foi indagado sobre um vídeo que a Marinha publicou no mês anterior, que abordava supostos “privilégios“ dos militares. O vídeo foi interpretado como uma sinalização em relação ao plano de despesas proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
— Foi mencionado a ausência de lealdade ao presidente. De fato. O presidente é o líder máximo e, especificamente em relação à Marinha, é o responsável pela direção. Ele possui a responsabilidade constitucional para atuar dessa maneira.
O comandante Olsen justificou a filmagem e atribuiu o desconforto a alegações de compreensões errôneas do vídeo, o qual foi removido da plataforma. Na sexta-feira, Olsen foi apresentado a Lula pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para fornecer esclarecimentos sobre o material.
A confusão gerada foi em relação à divulgação do vídeo. Esse material tinha como objetivo ressaltar as características da vida militar. Colocar os integrantes das forças armadas em oposição à sociedade não é uma narrativa adequada. Os militares provêm da sociedade e nela residem. Eles enfrentam as dificuldades comuns a todos. Também se levantam cedo e utilizam diferentes meios de transporte. Entretanto, os aspectos mencionados na gravação referem-se especificamente à carreira — afirmou Olsen.
A filmagem mescla cenas de membros das Forças Armadas em suas atividades de treinamento com imagens de indivíduos aproveitando seu tempo livre. Para concluir, o vídeo termina com uma militar fazendo a provocação: “Privilégios? Junte-se à Marinha”.
— Uma das minhas inquietações é garantir que a carreira militar permaneça atrativa para assegurar a qualidade dos nossos quadros. A idade, 55 anos, é uma preocupação. Por que isso não é um obstáculo para os juízes? — indagou o comandante, referindo-se ao sistema Judiciário. Ao mencionarem esses supostos privilégios, muitas vezes não consideram que nós não temos direito a horas extras ou gratificações. E não estamos buscando isso. Contudo, se eliminarmos os aspectos que tornam as Forças Armadas atraentes, quem será que conseguiremos recrutar?
A aposentadoria nas Forças Armadas é vista, dentro da instituição, como um dos poucos incentivos para atrair novos integrantes. A legislação fiscal do Ministério da Fazenda define que a idade mínima para que os militares possam se aposentar é de 55 anos. Atualmente, a maioria deles consegue se aposentar com idades médias entre 52 e 53 anos. (Foto: Reprodução PR)
