Apertem os cintos, Trump 2 vem aí

Cá entre nós – Henrique Acker

 

Desde a segunda semana de novembro, o mundo vive em expectativa: o que fará Donald Trump quando assumir a presidência dos EUA a partir de 20 de janeiro?

Só o governo de Israel parece despreocupado. Afinal, Benjamin Netanyahu sabe que seu parceiro da Casa Branca aprova incondicionalmente a truculência do regime sionista.

Os demais atores no cenário internacional permanecem na expectativa do que “seu mestre mandar”, ou seja, do que Trump vai anunciar assim que tomar posse. No máximo, ensaiam papéis de coadjuvantes para o que virá a partir do dia 20.

 

Terra arrasada

A destruição de Gaza é tão absurda, que a morte diária de dezenas de palestinos nem é mais destaque no noticiário internacional. O cessar-fogo no Líbano e o desmonte do governo Assad, na Síria, tiraram de evidência a campanha multigenocida de Netanyahu.

Autorizado pelos EUA a promover um genocídio e a limpeza étnica no Oriente Médio, restou a Netanyahu anunciar uma resposta severa aos houtis, do Iêmen, por conta de alguns foguetes que alcançaram o território israelense sem maiores consequências.

Na Síria, apesar da pressão da mídia ocidental, não se encontram os restos das tais centenas de milhares de mortos em cativeiro pelo governo Assad. O que se vê é um novo governo formado por uma colcha de retalhos de grupos islâmicos ortodoxos, apoiado pela Turquia e pelos EUA.

 

Europa abana o rabo

A União Europeia, espremida entre os EUA e a China, tem planos para recuperar sua economia, mas vive o pesadelo de crises econômica e política justamente na Alemanha e na França, as duas maiores potências do bloco. O que mais cresce na Europa é a extrema-direita, diante das concessões da direita tradicional e da falta de política da esquerda.

Ao mesmo tempo que recebem pressão dos EUA para destinar mais verbas ao orçamento militar da OTAN, os países da UE sabem que seus produtos podem ser taxados em mais 10% para entrarem nos EUA de Trump. Correram para fechar o tratado de livre comércio com o Mercosul, mas vão sofrer pressão interna dos produtores rurais europeus.

Mais perdido que cego em tiroteio, Zelensky insiste em seguir com os combates e implora pela aceitação da Ucrânia na OTAN, algo improvável diante de uma derrota que se anuncia humilhante.

 

Em alerta

Como era de se esperar, Putin acelera a ocupação dos territórios de fronteira com a Ucrânia e quer negociar a paz diretamente com Trump. Sua pretensão é demonstrar que a Rússia tem força militar para alcançar um desfecho favorável na guerra da Ucrânia.

A China foi o único grande ator a anunciar uma medida concreta diante da ameaça de Trump de taxar ainda mais seus produtos: adotou tarifa zero de importação de mercadorias de países menos desenvolvidos, basicamente da África.

Os países do BRICS receberam o aviso de que Trump pretende taxar suas mercadorias em 100%, caso levem adiante a ideia de abandonar o dólar como meio de transação comercial e o substituir por outra moeda.

 

Quem paga o almoço…

É neste cenário de crise que o mundo aguarda a abertura das cortinas para a estreia de “Trump 2”. O milionário estadunidense se diz preocupado com o mercado interno nos EUA. Pretende atender aos apelos de apoio à produção e emprego do eleitorado de direita e extrema-direita que o elegeu.

Resta saber como as grandes corporações multinacionais, hoje holdings, as Big Techs e o mundo das finanças vão responder às primeiras medidas do governo Trump. Afinal, quem paga o almoço escolhe o cardápio…

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)   – 24 de dezembro/24

 

 

 

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