Apesar de José Múcio Monteiro sinalizar, de forma constante e repetida, seu desejo de se aposentar e deixar o Ministério da Defesa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reluta em atender ao pedido do ministro. A confiança de Lula em Múcio foi reforçada por sua atuação em momentos sensíveis, como a prisão do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e aliado de Jair Bolsonaro, consolidando-o como um articulador político essencial e pacificador no governo.
Desde o início de 2024, Múcio têm indicado, em conversas com Lula e interlocutores próximos, sua intenção de se afastar da vida pública. Ele menciona frequentemente o desejo de descansar e “pendurar as chuteiras”, mas destaca que a decisão final cabe ao presidente. “Até quando permaneço no governo, é algo que cabe ao presidente decidir”, comentou o ministro em diversas ocasiões públicas e privadas.
Quando questionados sobre a saída ou permanência de Múcio no governo, interlocutores do presidente têm sido categóricos: “Múcio permanece no governo e segue firme.” Essa postura reforça a mensagem de que o presidente confia no ministro e reconhece sua importância em um momento de reconstrução institucional.
Por outro lado, Múcio também não hesita em ressaltar os desafios da relação entre o governo e as Forças Armadas. Segundo fontes, ele alerta Lula de que, apesar do respeito institucional, os militares permanecem em campos opostos ao governo, o que torna a relação delicada e requer constante mediação. Essa dinâmica contribui para a ansiedade de Lula em seguir sem Múcio no governo, já que o ministro desempenha um papel central na contenção de possíveis crises e na manutenção de um diálogo funcional com a caserna.
O episódio mais recente envolvendo a prisão de Braga Netto exemplifica a relevância de Múcio para o governo. A operação, conduzida de forma discreta e sem resistência das Forças Armadas, foi percebida como um reflexo da habilidade do ministro em pacificar a relação com os militares e assegurar a estabilidade institucional. Segundo um interlocutor do Planalto, “a condução da prisão reforçou que Múcio é o homem certo para manter a estabilidade entre o governo e os militares”.
A postura conciliadora de Múcio, adotada desde o início do governo Lula, tem sido essencial para reestruturar a relação entre as Forças Armadas e a sociedade civil, um legado que foi desgastado durante o governo Bolsonaro. Apesar de sua insistência em se retirar do cargo, o presidente acredita que Múcio é indispensável, especialmente em um contexto ainda sensível e marcado por desafios institucionais.(Foto: Ricardo Stuckert)