Macron ignora resultado das urnas e nomeia Bayrou para governar

Por Henrique Acker   – O líder do centrista Movimento Democrático, François Bayrou, é a bola da vez de Emmanuel Macron para formar governo na França. No currículo, a participação em ministérios, um mandato de eurodeputado e flertes com a extrema-direita, apesar de ser identificado como democrata-cristão.

Seu desafio é o mesmo que seu antecessor, Michel Barnier, não conseguiu: aprovar um orçamento para 2025 que corte investimentos públicos e seja aceitável pela maioria do parlamento. A nomeação de Bayrou é a demonstração de que Macron insiste em ignorar o resultado da última eleição, que deu maioria relativa à Nova Frente Popular, de esquerda.

 

Esquerda desapontada

Uma tarefa um tanto complicada, já que a Assembleia Nacional Francesa está dividida em três: um bloco ligeiramente majoritário formado por partidos de esquerda e centro-esquerda; um bloco de direita, liberal e conservador (base de apoio a Macron); e um bloco de deputados do partido de extrema-direita.

Se depender dos partidos de esquerda, centro-esquerda e da extrema-direita, Bayrou não deve durar muito no cargo de primeiro-ministro. A França Insubmissa já pensa numa nova moção de censura. O Partido Comunista e os Ecologistas aguardam o que Bayrou vai propor, mas receberam a indicação do novo primeiro-ministro como “mais do mesmo”.

O Partido Socialista não se propõe a tomar parte do novo governo e nem de censurá-lo se Bayrou não apelar ao artigo 49.3 da Constituição francesa, que permite ao primeiro-ministro assumir a responsabilidade do governo perante a Assembleia Nacional, dispensando a votação de projetos de lei.

 

Ciente das dificuldades

Já a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, pediu a Bayrou ouvir a oposição “para construir um orçamento razoável e ponderado”. Le Pen adverte que “qualquer outra política que seja apenas a extensão do macronismo, rejeitada duas vezes nas urnas, só poderia levar a um impasse e ao fracasso”.

Nem o Partido Republicano confirmou seu apoio ao novo primeiro-ministro. No partido de Macron, o entusiasmo com o nome escolhido pelo presidente é tímido. Resta saber o que Bayrou vai apresentar em seu projeto de orçamento e se será capaz de agradar à extrema-direita para conseguir governar.

Num script já conhecido dos franceses e dos que lidam com a política, François Bayrou declarou em conferência de imprensa que todos estão cientes da dificuldade da sua tarefa. “Também acho que todos pensam que há uma maneira de ser encontrada, que une as pessoas em vez de dividi-las”, concluiu.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

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Fontes:

 

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