Carrefour tenta agradar produtores de carne na França e no Brasil 

Por Henrique Acker    –   A cadeia francesa de supermercados Carrefour enviou carta com pedido de desculpas ao Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, nesta terça-feira, 25 de novembro. O documento é uma tentativa de superar o mal-estar e a reação provocada pela postagem do presidente do grupo francês, Alexandre Bompard, na Rede X, no dia 20 deste mês.

Diante dos protestos promovidos por produtores franceses nos últimos dias, Bompard prometeu que “os supermercados Carrefour não venderão mais carne produzida no Mercosul” e advertiu que a aprovação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul levaria ao “risco do mercado francês ser inundado com carne que não atende às suas exigências e normas”.

 

Boicote deu resultado

A reação do setor atacadista de carnes no Brasil foi imediata. Um dia depois da declaração do líder do grupo francês, grandes empresas, como a JBS e Minerva, além da Masterboi, interromperam o fornecimento de carne ao grupo. O movimento recebeu apoio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

A resposta da agroindústria brasileira levou o Carrefour a formalizar um pedido de desculpas ao governo brasileiro. “Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor”, lê-se na nota do grupo francês.

Na tentativa de se retratar junto ao governo e aos produtores de carne brasileiros, o Carrefour reforçou que o grupo conhece “melhor do que ninguém os padrões que a carne brasileira atende, sua alta qualidade e seu sabor”.

Agricultores franceses denunciam uso de pesticidas em plantações e antibióticos na carne do Mercosul.

Lucros na França e no Brasil

A postagem de Bompard foi dirigida a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores da França, principal liderança dos protestos contra o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

Os agricultores franceses vêm realizando mobilizações de rua em todo o país, às vésperas da votação da proposta de acordo comercial entre Mercosul e UE no parlamento francês. Eles acusam produtores brasileiros e argentinos de usar pesticidas nas plantações e antibióticos de crescimento no gado que barateiam a produção e são proibidos na Europa.

Segundo a Agência de Notícias Reuters, o Brasil responde por cerca de 20% do faturamento do Carrefour (21,4 bilhões de euros), de acordo com o balanço de 2023 publicado pelo grupo. O Carrefour registrou lucro líquido total de 1,65 bi de euros em 2023, alta de 23% na comparação anual. A cadeia varejista francesa somou receitas de 83,3 bilhões no ano passado.

 

20 anos de negociações

O ministro da Agricultura considerou a carta de retratação do Carrefour “uma vitória”, garantindo que o país sai fortalecido para as negociações do acordo Mercosul e União Europeia. “Agora, tudo volta ao normal”, concluiu Carlos Fávaro em declaração ao Blog do jornalista Valdo Cruz (G1).

Existe a expectativa de que o acordo entre Mercosul e UE seja referendado nos próximos dias em Bruxelas e anunciado na cúpula do Mercosul, que acontece no Uruguai entre os dias 5 e 6 de dezembro. Além da carne bovina e de frango, a proposta envolve a abertura do mercado europeu para o açúcar e o milho.

Mercosul e União Europeia vêm negociando há mais de duas décadas um acordo comercial. O tratado vai envolver 31 países, atingindo 720 milhões de pessoas e com reflexos em cerca de 20% da economia mundial.  (Fotos: Reprodução)

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

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