O Palácio do Planalto vê uma ação orquestrada entre o governo francês e empresas do país no boicote a produtos agrícolas brasileiros como uma forma de pressionar a União Europeia a não fechar o acordo comercial com o Mercosul.
Há um mês, a Danone informou que não compraria mais soja do Brasil e, na semana passada, foi a vez de o Carrefour anunciar que não compraria mais carne brasileira.
No Palácio do Planalto, a visão é de que o fato de duas empresas francesas do porte da Danone e do Carrefour terem feito críticas a produtos brasileiros em um curto período de tempo não poderia ocorrer sem aval do Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Isso a poucos dias da reunião do Mercosul, em Montevidéu, onde há expectativa de que seja anunciado o acordo com os europeus.
No governo brasileiro, o presidente Lula tem incentivado ministros da área a manter o “tom de altivez” em relação à postura das empresas francesas e apoiado a estratégia do setor privado brasileiro de não fornecer carne à rede Carrefour no país como uma retaliação à manifestação do Carrefour francês contra a carne brasileira.
A leitura é a de que as manifestações refletem a pressão de agricultores franceses para evitar a assinatura do acordo já que o agronegócio brasileiro é mais competitivo que o francês no mundo.
Esse entendimento vem do fato de que, há mais de 40 anos, a França compra carne brasileira, mas só teria feito uma crítica agora.
Lula também disse que o atual governo tem ampliado mercados para o agro brasileiro no mundo todo e que a França, ao resistir, atua na contramão de países da Europa e de outros continentes.
Também há o entendimento de que se trata de uma postura colonialista da França e que o Brasil precisa reagir com a defesa da sua soberania.
Publicamente, porém, o governo brasileiro coloca que se trata de uma questão envolvendo o país com o setor privado francês.
O país europeu também segue a mesma linha. Na semana passada, inclusive, o embaixador do Brasil na França, Emmanuel Lenain, procurou ministros brasileiros para dizer que não se trata de uma questão diplomática. (Foto: Reprodução)