Durante a visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping, nesta quarta-feira no Palácio da Alvorada, em Brasília, o Brasil assinou 37 acordos com o país asiático em diversas áreas, mas não aderiu à Nova Rota da Seda, chamado de Cinturão e Rota, o trilionário programa de investimentos chinês.
Entre os acordos firmados entre Brasil e China estão a abertura de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional, cooperação tecnológica em várias áreas, como comércio e investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, cultura.
Em relação à Nova Rota da Seda, foi firmado um protocolo sobre “sinergias”, mas o Brasil não aderiu plenamente à iniciativa chinesa, como já havia antecipado ao GLOBO o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim. Os países devem buscar pontos em comum entre o Cinturão e Rota e os programas brasileiros de infraestrutura e incentivo à indústria.
São eles o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica, o Programa Rotas da Integração Sul-americana.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil, mas o Itamaraty entende que não há benefícios em aderir integralmente à Nova Rota da Seda, em meio ao cenário internacional conturbado e também devido à tradição diplomática brasileira.
Parceira de primeira hora
Em seu pronunciamento após a reunião bilateral, Lula destacou que a visita de Estado do presidente chinês renova o “pioneirismo” da parceria entre os dois países.
— O presidente Xi e eu decidimos elevar a parceria estratégica global ao patamar de comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta sustentável. Estamos determinados a alicerçar nossa cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial — disse.
O presidente afirmou que foram estabelecidas “sinergias” entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica, e a Iniciativa Cinturão e Rota.
— Para dar concretude às sinergias, uma força-tarefa sobre cooperação financeira e outra sobre desenvolvimento produtivo e Sustentável serão estabelecidas e deverão apresentar projetos prioritários em até dois meses.
Segundo Lula, China e Brasil precisam trabalhar juntos e discutir como a cooperação dos dois países pode “reveberar pelo mundo”. O presidente brasileiro citou que os dois países defendem um sistema internacional mais justo e ambientalmente sustentável. Disse ainda que têm entendimentos comuns para a crise na Ucrânia.
— China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar. Os entendimentos comuns para a crise na Ucrânia são exemplos da convergência de visões em matéria de segurança internacional. Jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras. A Aliança Global contra a Fome é uma das iniciativas mais importantes da presidência brasileira do G20. A China foi parceiro de primeira hora nessa empreitada para devolver a dignidade aos 733 milhões de pessoas que passam fome no mundo, em pleno século 21.
O presidente ainda destacou que, sem paz, o mundo não poderá construir soluções para as crises climáticas.
— O interesse chinês pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposto pelo Brasil para remunerar a preservação desses biomas, confirma que há alternativas eficazes para financiar o desenvolvimento sustentável. (Foto: O Globo)