A disputa pela internet via satélite no Brasil ganhou um novo capítulo com a possível chegada da empresa chinesa SpaceSail ao país. A iniciativa, que envolve interesses comerciais e geopolíticos, desafia a hegemonia da Starlink, de Elon Musk. Ao diversificar os fornecedores, o governo brasileiro busca reduzir a dependência de uma única empresa e garantir maior segurança nas comunicações, especialmente em áreas remotas.
A expectativa é que a parceria entre o Brasil e a SpaceSail seja oficializada durante a visita de Xi Jinping, com a assinatura de acordos. No entanto, o início das operações da empresa no país ainda não tem uma data definida. A SpaceSail, assim como a Starlink, emprega uma tecnologia inovadora para oferecer internet de alta velocidade: os satélites de órbita baixa (LEO).
Ao orbitar a Terra a uma altitude aproximada de 549 quilômetros, esses satélites proporcionam uma série de vantagens em relação aos satélites convencionais, que operam a altitudes próximas a 1.000 quilômetros. Uma das principais vantagens dos satélites LEO é a menor latência, ou seja, o tempo de resposta entre o envio e o recebimento de dados é significativamente menor.
Essa característica é crucial para aplicações que exigem baixa latência, como videoconferências, jogos online e transmissões ao vivo. Além disso, os satélites LEO oferecem maior velocidade de conexão, permitindo que os usuários naveguem na internet, transmitam vídeos e baixem arquivos de forma mais rápida e eficiente.
A tecnologia LEO se mostra especialmente vantajosa para áreas remotas e de difícil acesso, onde a instalação de infraestrutura terrestre, como cabos de fibra óptica e antenas, é complexa e onerosa. Ao eliminar a necessidade de uma extensa rede física, os satélites LEO democratizam o acesso à internet.
A ambição da SpaceSail de lançar até 15 mil satélites até 2030 coloca a empresa em uma posição de destaque no mercado global de internet via satélite. Atualmente, a Starlink, liderada por Elon Musk, possui cerca de 6 mil satélites em órbita. Com uma constelação mais extensa, a SpaceSail poderá oferecer uma cobertura mais ampla.
Durante sua visita à China em outubro deste ano, o secretário de telecomunicações, Hermano Tercius, anunciou que o Brasil está negociando um acordo de cooperação com a SpaceSail. A parceria visa expandir o acesso à internet em áreas remotas do país, especialmente em escolas e instituições governamentais. Além disso, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) poderá ser utilizado para o lançamento dos satélites da SpaceSail, impulsionando a indústria espacial brasileira.
A Starlink, de Elon Musk, consolidou sua posição como principal provedora de internet via satélite no Brasil, detendo 45,9% do mercado em 2023, segundo dados da Anatel. A empresa tem sido fundamental para conectar regiões remotas, como a Amazônia, onde a população depende da internet via satélite para acessar serviços essenciais. Em um curto período, a Starlink saltou da quinta para a primeira posição, demonstrando um crescimento exponencial. No entanto, a recente suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil acendeu um alerta sobre a vulnerabilidade do país em relação aos serviços de Musk.
Com informação de Alice Andersen, da Tecnologia Reading Time