Músico lutava contra um câncer no intestino e estava internado há um ano no Hospital Imperial de Caridade, em Florianópolis, Santa Catarina. Velório está marcado para quinta-feira (31)
Morreu, na noite desta quarta-feira (30), Arthur Moreira Lima, um dos maiores pianistas brasileiros. Com 84 anos, o artista estava internado no Hospital da Caridade, em Florianópolis, e lutava contra câncer de intestino há um ano. O velório dele será na quinta-feira (31/10), no cemitério Jardim da Paz, em Florianópolis, das 12h às 16h.
Nascido no Rio de Janeiro em 1940, Moreira Lima era considerado o Pelé do Piano. Consagrado como um dos maiores pianistas brasileiros, ele foi intérprete de compositores como Chopin e Liszt e também dos modernistas Prokofiev e Villa-Lobos.
Com mais de 60 discos gravados, tocou com as orquestras filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia e com as sinfônicas de Berlim, Viena e Praga, a BBC de Londres e a National da França. Também se destacou interpretando a música popular brasileira e gravando clássicos do choro e do samba.
Em setembro deste ano, o pianista recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), homenagem aprovada por unanimidade no Conselho Universitário em 22 de agosto. Ele participou da cerimônia de forma virtual.
A carreira e o sucesso no Brasil e no exterior
Prestigiado internacionalmente, o músico ficou em segundo lugar, aos 25 anos, em uma das mais antigas competições de piano do mundo, a Fréderic Chopin, na Polônia. Aos 30, garantiu terceiro lugar na Internacional de Tchaikovsky, na Rússia. Além dos países europeus, o pianista tocou nos Estados Unidos e na América Latina. Além da carreira internacional, ele também foi um renomado intérprete de clássicos da música popular brasileira, do choro e samba.
Em 1975, ele fez sucesso com um LP duplo em que interpretava canções de Ernesto Nazareth no piano, a quem reavivou na memória nacional. Moreira Lima foi um dos responsáveis, também, pela democratização da cultura erudita, ao criar e participar de projetos sociais. De autoria dele, o projeto “Piano pela estrada” levava música, em um caminhão, a diversos lugares do Brasil.
Durante o projeto “Um piano pela estrada”, Arthur Moreira Lima se apresentou para mais de 2 milhões de pessoas em praças públicas pelo Brasil. Com o piano de cauda a bordo de um caminhão, ele percorreu todas as unidades da federação e chegou a tocar para público de mais de 10 mil pessoas de uma só vez. A filosofia era divulgar a cultura pelo país.
Mesmo levando o piano para os mais diversos cantos do Brasil, Arthur era realista ao reconhecer que o gênero não fazia parte do universo brasileiro. “E não adianta fingir que faz, porque não faz. É uma cultura europeia e, como fomos colonizados com isso e nossos compositores beberam muito nessa fonte, eles são bastante sofisticados. A música clássica faz parte da cultura de uma pequena elite que é voltada para fora do Brasil. A gente precisa ser muito forte culturalmente para resistir à invasão de música estrangeira de qualidade duvidosa”, acredita.
Ao falar da morte de Moreira Lima, o Instituto Piano Brasileiro o descreveu como um “gigante incomparável”. “Nossos agradecimentos a esse gigante incomparável, por tudo que fez pela cultura brasileira e pianística. Que seu nome seja sempre reconhecido entre os heróis brasileiros”, diz o texto.
(Foto: Facebook, Reprodução)